FAO in Portugal

Metas globais para 2030 colocam a fome e a agricultura no centro das políticas mundiais

28/09/2015

A erradicação da fome é a peça central do programa de desenvolvimento sustentável, disse o Diretor da FAO aos líderes mundiais

Foto: Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva, dirige-se à Cimeira do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

25 de setembro, Nova Iorque – A segurança alimentar, a nutrição e a agricultura sustentável são essenciais para alcançar, até 2030, o conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), disse o Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva, no discurso plenário aos líderes mundiais na sede das Nações Unidas.

“Temos uma tarefa enorme, que começa com o compromisso histórico de não só reduzir, mas também erradicar a pobreza e a fome de maneira sustentável”, disse durante o seu discurso na Cimeira do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Catorze dos 17 novos ODS adotados na Cimeira estão relacionados com a missão histórica da FAO, observou o Diretor da FAO. O segundo objetivo – que é “pôr fim à fome, assegurar a segurança alimentar e uma melhor nutrição e promover a agricultura sustentável”, deve ser perseguido com urgência, uma vez que um rápido progresso nessa frente é essencial para atingir outros objetivos, acrescentou.

Agricultura sustentável e “Fome Zero”

“Só podemos descansar quando atingirmos a meta Fome Zero”, declarou Graziano da Silva.

Os ODSs dão continuidade e expandem os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), estabelecidos em 2001 e que terminam este ano. O objetivo do ODM relativo à redução da fome foi atingido por mais de metade dos países monitorizados pela FAO, contudo, aproximadamente 800 milhões de pessoas continuam a sofrer de subnutrição crónica.

A maioria das pessoas pobres e que passam fome vive em áreas rurais, e melhorar os seus meios de subsistência é o principal desafio, disse Graziano da Silva.

Para consegui-lo, será necessário promover um crescimento inclusivo e investimentos responsáveis que atendam às necessidades das pessoas mais pobres do mundo, afirmou.

“Precisamos de construir sistemas agrícolas e alimentares mais sustentáveis, que sejam mais resistentes ao stress e mais capazes de lidar e de responder aos impactos das alterações climáticas”, acrescentou.

Investir apenas na agricultura sustentável a nível ambiental não será suficiente, será também necessário conceber sistemas de proteção social, disse Graziano da Silva.

O Diretor-Geral lembrou os líderes mundiais de que, nos próximos 15 anos, vai ser necessário um investimento adicional de 160 dólares por ano por pessoa que viva em situação de extrema pobreza, de modo a eliminar a fome.

“Isso representa menos de metade dos rendimentos mundiais em 2014. E é apenas uma pequena fração do custo que a fome e a malnutrição impõe às economias, sociedades e pessoas”, afirmou.