Lisboa – O Dia Internacional de Refeições Escolares, comemorado no dia 9 de março em todo o mundo, é um lembrete da necessidade de promover hábitos alimentares saudáveis ​​para todas as crianças através de políticas sustentáveis, incluindo a obtenção de alimentos através de agricultores familiares.

Todos os dias, cerca de 370 milhões de crianças em todo o mundo são alimentadas na escola através de programas alimentares escolares que são administrados em vários graus pelos governos nacionais.

Cada programa é diferente: feijão e arroz em Madagáscar, lentilhas picantes nas Filipinas, pastelaria vegetal e frutas na Jordânia. Em alguns países, poderá ser um lanche saudável, ou poderá incluir alimentos para levar para casa, tal como óleo enriquecido com vitamina A para toda a família.

As refeições escolares provaram ser bem-sucedidas ao providenciar benefícios educacionais e de saúde às crianças mais vulneráveis. As refeições nas escolas aumentam a frequência escolar e um estômago cheio ajuda os alunos a concentrarem-se nas aulas.

As comunidades, particularmente nas áreas rurais, também se beneficiam quando os agricultores familiares e as pequenas e médias empresas são a principal fonte de alimento saudável para as escolas.

As comunidades, particularmente nas áreas rurais, também são beneficiadas quando os agricultores familiares e as pequenas e médias empresas são as principais fontes de alimento saudável para as escolas.

O Dia Internacional de Refeições Escolares marca estas conquistas e ajuda a aumentar a conscientização sobre o valor das refeições escolares.

Uma geração de crianças bem nutridas

A FAO acredita que os investimentos globais consistentes em refeições escolares conduzirão a uma geração de crianças que desenvolvem hábitos alimentares saudáveis ​​e que beneficiam de uma dieta diversificada. Em última instância, este esforço contribuirá para atingir o objetivo de desenvolvimento sustentável de Erradicar a Fome.

A FAO apoia refeições escolares de diversas formas, incluindo o apoio técnico aos governos em matéria de agricultura sustentável, normas e segurança alimentar, apoio aos agricultores familiares para aumentarem as colheitas e vendendo os excedentes às escolas, regulamentação dos contratos públicos, diretrizes nutricionais e alimentares e atividades de educação nutricional.

No plano político, a FAO trabalha com governos e outros parceiros para reunir diversos setores – tais como a saúde, educação, proteção social e agricultura - para formular políticas nacionais compreensíveis e eficazes que possam ser implementadas num cenário governamental.

Este mês, a FAO apresentou o a Estrutura de Recursos Internos para Alimentação Escolar, em conjunto com parceiros incluindo o Programa Mundial Alimentar (PAM). A estrutura apoia governos através do processo de formulação política, implementação e avaliação dos programas alimentares escolares. Também reúne conhecimento técnico de diferentes partes interessadas num método programático e coerente para que seja facilmente acessível a países que solicitam assistência técnica.

Agricultores familiares, um elo na cadeia de fornecimento de refeições a escolas

Em África, o programa Aquisição de Africanos para África (PAA África) é modelado nos resultados do Brasil na luta contra a fome e contra a pobreza, e ajuda a promover a produção agrícola local e refeições escolares.

A FAO fornece assistência técnica para que os governos obtenham alimentos para instituições públicas, como escolas, diretamente de pequenos agricultores familiares. As equipss da FAO também trabalham diretamente com os agricultores familiares para ajudá-los a obter rendimentos sustentáveis ​​na produtividade agrícola, como também melhorar as técnicas de colheita e pós-colheita, resultando em produtos de melhor qualidade e menos perdas e desperdício.

Durante a segunda fase do programa, cerca de 16,00 agricultores familiares conseguiram vender 2,700 toneladas de comida para as refeições escolares para cerca de 37,000 estudantes.

Ajudar as crianças a fazer escolhas saudáveis

A escola é um cenário ideal para o ensino de competências básicas de alimentação, nutrição e saúde. Em muitas comunidades, as escolas podem ser o único lugar onde as crianças obtêm estas importantes habilidades de vida.

Entre muitas ferramentas, plantar e preparar o alimento do jardim na escola pode ser decisivo. Combinado com refeições escolares diversificadas e educação nutricional, aumenta as preferências das crianças por frutas e legumes.

Esta educação alimentar e nutricional é um elemento essencial para a prevenção e controle de problemas de saúde relacionados com a dieta.

Por esta razão, a FAO fornece assistência técnica para integrar a educação alimentar e nutricional no currículo da escola primária.

A FAO também apoia as escolas a garantir que todos os alimentos, refeições e lanches disponíveis nas escolas sejam nutricionalmente adequados e apropriados para s criança em idade escolar.

Estudo de caso: América Latina e Caraíbas

Em 2009, foi lançado na América Latina e nas Caraíbas um programa de alimentação escolar baseado no Programa Nacional de Alimentação Escolar do Brasil. Através de políticas intersetoriais e de mecanismos legais, foram desenvolvidas ações para a educação alimentar e nutricional e foi incentivado a compra de alimentos, para os programas, a famílias camponesas locais. Em 2013, um estudo realizado em oito dos países participantes, que estudou um território que abrangiu 18 milhões de estudantes, mostrou que os programas não só promovem a frequência escolar e estimulam o processo de aprendizagem, mas também aumentam os rendimentos dos agricultores da comunidade.

Estudo de caso: Cabo Verde

Em Cabo Verde, o programa de refeições escolares foi introduzido pela ONU em 1979, e em 2010 o governo assumiu a posse. Desde então, a FAO tem trabalhado com o governo e outras agências das Nações Unidas para diversificar as refeições nas escolas, ao ligar os agricultores locais ao processo de aquisição para aumentar o fornecimento de fruta, legumes, feijão e peixe local às cantinas escolares. Cerca de 9000 alunos do ensino primário beneficiaram desta iniciativa, tais como os agricultores e pescadores locais que conseguiram um mercado assegurado.

Foto: ©FAO/Giulio Napolitano

Legenda: Todos os dias, cerca de 370 milhões de crianças em todo o mundo são alimentadas na escola através de programas alimentares escolares