FAO in Portugal

Apresentação sumária dos resultados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física

20/03/2017

Lisboa – Decorreu no passado dia 17 de março, na Fundação Calouste Gulbenkian, uma sessão pública de apresentação sumária dos resultados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF).

A implementação deste inquérito decorreu entre outubro de 2015 e setembro de 2016, tendo sido avaliado, por uma equipa de investigadores, um número total de 6553 indivíduos, representando todas as regiões portuguesas. O inquérito permitiu a criação de uma base descritiva com informação de representatividade nacional sobre três grandes domínios: a alimentação e nutrição, a atividade física e o estado nutricional da população Portuguesa.

A primeira parte da sessão, com moderação de Fernando Almeida, Presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, ficou a cargo de Carla Lopes, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, de Duarte Torres, da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e de Pedro Teixeira, da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, que apresentaram sumariamente os primeiros resultados do inquérito relativos ao consumo alimentar, ingestão nutricional, comportamento alimentar, insegurança alimentar, atividade física e estado nutricional. Pedro Graça, Coordenador do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde e José Pereira Miguel, Diretor do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, comentaram os principais resultados apresentados pelos investigadores.

Alguns dos principais resultados do inquérito revelaram uma prevalência nacional de obesidade de 22,3% e de pré-obesidade de 34,8%, ou seja, 5,9 milhões de Portugueses (quase 6 em cada 10 Portugueses) têm obesidade ou pré-obesidade e 50,5% da população adulta tem risco muito aumentado de obesidade abdominal (perímetro da cintura-anca).

Relativamente ao consumo alimentar, um em cada dois Portugueses não consome a quantidade de fruta e produtos hortícolas recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo a inadequação mais elevada nas crianças e nos adolescentes e nas Regiões Autónomas da Madeiras e dos Açores; aproximadamente 1,5 milhões de Portugueses (17% da população) consomem pelo menos um refrigerante ou néctar por dia, sendo esta prevalência particularmente elevada nos adolescentes.

Quanto à ingestão nutricional, cerca de 9,8 milhões de Portugueses (mais de 95% da população) consomem açúcares simples acima do limite recomendado pela OMS (10% do aporte energético) e, aproximadamente 3,5 milhões de mulheres (65,5%) e 4,3 milhões de homens (85,9%) apresentam uma ingestão de sódio acima do nível máximo tolerado.

Englobado na categoria de comportamentos alimentares, o consumo de produtos de agricultura biológica apresenta uma prevalência nacional de 11,6%, sendo os produtos hortícolas (16,7%) e a fruta orgânica (14,7%) os mais consumidos diariamente.

Os dados relativos à insegurança alimentar revelam que 10% das famílias em Portugal tiveram dificuldade de fornecer alimentos suficientes a toda a família, durante o período 2015-2016, devido à falta de recursos financeiros, sendo as famílias com rendimentos disponíveis inferiores e as famílias com baixa escolaridade que apresentaram prevalências de insegurança alimentar substancialmente mais elevadas e mais severas que as restantes famílias.

A prevalência nacional de prática regular de atividade física desportiva e/ou de lazer programada é de 41,8% e de sedentarismo - nível mais baixo de atividade física - é de 37% para os jovens, 42% para os adultos e 48% para os idosos.

A segunda parte da sessão incidiu sobre os Sistemas de Vigilância da Dieta e Atividade Física na Europa e contou com a apresentação de Jo Jewell, do Escritório Regional para a Europa da OMS, que apresentou a perspetiva da Organização Mundial de Saúde e Lene Frost Andersen, do Instituto de Ciências Médicas Básicas da Universidade de Oslo, que apresentou a perspetiva dos Países Nórdicos.

A sessão de encerramento fico a cargo de Marta Temido, Presidente do Conselho Diretivo da Administração Central do Sistema de Saúde, Maria João Ramos, Vice-Reitora da Universidade do Porto, Maria da Graça Freitas, Subdiretora-Geral da Saúde, Humberto Ricardo, Adjunto do Secretário de Estado da Juventude e Desporto e, Fernando Araújo, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde.

A informação gerada pelo IAN-AF 2015-2016 permitirá a avaliação de indicadores e a sua comparação com outros países, bem como suportará a definição de políticas públicas e intervenções na área alimentar e de atividade física ao nível europeu, nacional e regional.