FAO in Portugal

108 milhões de pessoas no mundo enfrentam insegurança alimentar

05/04/2017

Lisboa - Apesar dos esforços internacionais para combater a insegurança alimentar, cerca de 108 milhões de pessoas no mundo estavam em situação de insegurança alimentar em 2016, um aumento dramático em comparação com os 80 milhões em 2015, segundo um novo relatório global sobre crises alimentares lançado em Bruxelas no dia 31 de Março.

O relatório, cuja compilação exigiu a integração de várias metodologias de medição, representa uma colaboração nova e politicamente inovadora entre a União Europeia e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (em inglês USAID), Rede de Sistemas de Alerta Precoce contra a Fome (em inglês, FEWSNET), instituições regionais de segurança alimentar e agências das Nações Unidas, incluindo a FAO, o Programa Alimentar Mundial e a UNICEF.

O aumento da insegurança alimentar reflete a dificuldade que as pessoas enfrentam na produção e acesso a alimentos devido ao conflito, os preços elevados dos alimentos nos mercados locais dos países afetados e as condições meteorológicas extremas, secas e chuvas irregulares causadas pelo El Niño. O conflito civil é o fator determinante em nove das dez piores crises humanitárias, sublinhando a forte ligação entre a paz e a segurança alimentar.

Este ano, a procura por assistência humanitária aumentará ainda mais, uma vez que quatro países estão em risco de fome: Sudão do Sul, Somália, Iémen e nordeste da Nigéria. Outros países que exigem níveis maciços de assistência devido à insegurança alimentar generalizada são o Iraque, a Síria (incluindo refugiados nos países vizinhos), Malawi e Zimbabwe. Na ausência de medidas imediatas e substantivas, para salvar a vida destas pessoas e para afastá-las do risco de fome, a situação de segurança alimentar nestes países continuará a piorar nos próximos meses.

 José Graziano da Silva, Diretor-Geral da FAO, afirmou "Podemos evitar que as pessoas morram de fome, mas se não aumentarmos os nossos esforços para salvar, proteger e investir nos meios de subsistência rurais, dezenas de milhões continuarão severamente inseguros em termos alimentares".

A Diretora Executiva do Programa Alimentar Mundial, Ertharin Cousin, chamou a atenção para o número preocupante de pessoas que se encontram com insegurança alimentar grave e para o papel dos conflitos e das alterações climáticas no agravamento da crise, da instabilidade e da insegurança. Ertharin Cousin afirmou que se trata de "uma corrida contra o tempo" e que "o mundo deve agir agora para salvar a vida e os meios de subsistências dos milhões que se encontram à beira da fome".

Os 108 milhões de pessoas que enfrentam insegurança alimentar grave sofrem de desnutrição aguda e uma ampla falta de alimentos minimamente adequados mesmo com assistência externa. Sem uma ação robusta e sustentada, as pessoas que lutam contra a insegurança alimentar grave correm o risco de enfrentar uma situação alimentar ainda pior, podendo, eventualmente, passar fome.