FAO in Portugal

Alcançar a Fome Zero até 2030 exige transformar a vontade política em ações concretas

11/07/2017

Lisboa  – Conseguir atingir o segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 2), erradicar a fome e a desnutrição até 2030 é possível, mas requer uma maior ação, incluindo maiores investimentos em agricultura e um desenvolvimento rural sustentável, afirmou o Diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, num evento paralelo à 40ª Conferência da FAO.

“Hoje, mais de 800 milhões de pessoas sofrem de desnutrição crónica…e, infelizmente, o número começou a crescer de novo”, referiu o Diretor-Geral da FAO. Cerca de 155 milhões de crianças com menos de cinco anos sofrem de atrasos no desenvolvimento, enquanto que 1,9 mil milhões de pessoas estão em situação de sobrepeso, dos quais pelo menos 500 milhões são obesos e 2 mil milhões sofrem de deficiência de micronutrientes, acrescentou. Embora nas últimas décadas, tenham sido feitos progressos no combate aos flagelos relacionados com a pobreza e a fome, os desafios que hoje existem, nomeadamente conflitos, crescimento demográfico, mudanças climáticas e mudanças nos padrões alimentares, corre-se o risco de reverter todas as conquistas obtidas. Referiu também, que o mundo está a enfrentar “uma das maiores crises humanitárias de sempre”, com mais de 20 milhões de pessoas em risco de fome em quatro países: noroeste da Nigéria, Somália, Sudão e Iémen.

Graziano da Silva reforçou que a Agenda 2030 exige um forte compromisso na tomada de decisões nacionais e uma maior autossuficiência dos Estados membros. Transformar a vontade política em ação exige um foco mais forte nas estratégias nacionais, inclusive nas que estão relacionas com as políticas de nutrição, saúde e educação. O Diretor-Geral da FAO pediu um reforço dos mecanismos de governação e coordenação para facilitar o dialogo e criar incentivos para que os diferentes sectores e partes interessadas trabalhem em conjunto dando um maior foco às iniciativas Fome Zero. “Para isso, os decisores precisam de evidências sólidas e relevantes, incluindo estatísticas e dados de monitorização”, acrescentou.

“E por último, mas não menos importante, temos que aumentar significativamente os investimentos”, disse Diretor-Geral da FAO.

“A fome deve-se muitas vezes à pobreza e à desigualdade. É o resultado da exclusão dos pequenos produtores dos sistemas alimentares de grande escala” disse o presidente do Fundo Internacional para Agricultura (sigla em inglês, IFAD), Gilbert Houngbo no evento.

Advertiu que “no ritmo atual, francamente, a comunidade internacional não está no bom caminho para cumprir o seu compromisso com a Fome Zero até 2030”, mas afirmou que pode ser alcançado “se atuarmos agora garantindo sistemas alimentares inclusivos e sustentáveis e aumentar a resiliência das populações pobres rurais e dos ecossistemas de que dependem.”

Alcançar a Fome Zero até 2030 “tem zero hipóteses de acontecer com o atual ambiente em que hoje vivemos” disse o Diretor-Executivo do Programa de Alimentação Mundial (sigle em inglês, WFP), David Beasley. “Governos devem tomar medidas para reduzir os conflitos, que são obstáculos criados pelo homem na estrada para a Fome Zero”.

Noticia original e completa em: http://www.fao.org/news/story/en/item/902483/icode/

Foto de: ©FAO/TofikBabayev/FAO

Legenda foto: transformar a vontade política em erradicar a fome em ações concretas requer dar um maior foco às estratégias nacionais, incluindo às políticas de nutrição, saúde e educação.