FAO in Portugal

Nova praga ameaça região

17/02/2017

Lisboa - Uma epidemia de lagarta militar, a primeira emergência da praga na África Austral, está a causar consideráveis danos em colheitas de alguns países. Se os danos da praga se agravarem, poderá restringir as perspetivas de boas colheitas que estavam antecipadas na atual época agrícola. O milho, um alimento básico na região, foi o mais afetado, tal como outro cereais incluindo o sorgo (mapira), milhete e trigo.
A África Austral ainda sofre com os efeitos de dois anos consecutivos das secas induzidas pelo El Nino que afetou mais de 40 milhões de pessoas, reduziu a disponibilidade alimentar por 15% e causou um défice de 9 milhões de toneladas.
O coordenador sub-regional da África Austral da FAO, David Phiri, afirmou que a situação estava constantemente evoluindo. “A situação permanece fluída. Relatórios preliminares indicam a possível presença (da peste) no Malawi, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Zâmbia, e Zimbabwe.

A lagarta militar (Spodoptera frugiperda) é uma praga recente vinda das américas, cuja presença no continente africano foi relatada pela primeira vez em São Tomé e Príncipe por volta de Janeiro de 2016. A praga é conhecida por causar perdas extensas nas colheitas de até 73 por cento dependendo nas condições existentes e é difícil de controlar com um único tipo de pesticidas, especialmente quando já atingiu um nível avançado de desenvolvimento larval.

Reunião Regional de Emergência para dar forma à ação coordenada

A FAO em parceria com a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a Organização Internacional de Controle de Locustídeo Vermelho para a África Central e Austral (IRLO-CSA), está a organizar uma Reunião Regional de Emergência com os principais intervenientes de 14 a 16 de Fevereiro de 2017 em Harare, Zimbabwe.

“África Austral está atualmente deparada com sérias ameaças por diferentes pragas e doenças transfronteiriças, incluindo a variada lagarta militar, locustídeo, a tuta do tomateiro e a doença necrose letal no milho (MLN disease). Segundo David Phiri, a altamente patogénica gripe das aves (H5N8) cuja presença fora confirmada no Uganda e possivelmente em Ruanda, poderá se espalhar para sul, através das rotas migratórias das aves”.

A reunião está a ser organizada em Harare com fundos cedidos à FAO pelo Fundo Fiduciário de Solidariedade Africana, pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e pelo Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID). Irá discutir o fortalecimento da vigilância, preparação e coordenação de respostas de emergência para pestes de colheitas e doenças de gado transfronteiriças, incluindo a infestação da lagarta militar. Também irá discutir as estratégias de controlo e medidas e dispor uma plataforma para partilhar experiências e lições valiosas.

A FAO está a trabalhar com governos, SADC e outras partes interessadas para desenvolver uma estratégia apropriada para determinar o nível da infestação da lagarta militar e o impacto desta na produção agrícola. A organização vai continuar a apoiar os esforços de respostas tal como contribuir para a valorização da capacidade de resiliência dos países e partes interessadas na região.

Foto: Relatórios preliminares indicam a possível presença (da peste) no Malawi, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Zâmbia e Zimbabwe.