FAO in Portugal

FAO reitera o seu apoio aos países lusófonos para erradicar a fome e a má nutrição

17/07/2018

Ilha do Sal, Cabo Verde – O Director-Geral da FAO reiterou no passado dia 16 de julho o seu apoio aos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na implementação da Estratégia Regional para a Segurança Alimentar e Nutricional – aprovada na Cimeira de Maputo em 2012 - que visa erradicar a fome e garantir uma alimentação adequada nos países lusófonos.

Sublinha a FAO que vai continuar a apoiar o trabalho dos Conselhos Nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSAN), sendo que sete dos nove estados-membros do bloco (Brasil, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Guiné-Bissau e Portugal) aprovaram já este Conselho Nacional. O Director-Geral da FAO felicitou  todos os países por este esforço e acredita que tanto Angola como a Guiné Equatorial seguirão o exemplo.

“Os Conselhos Nacionais são fundamentais para promover uma melhor governança da Estratégia de Segurança Alimentar e um diálogo inclusivo entre os diferentes actores governamentais e não governamentais”, afirmou Graziano da Silva ao dirigir-se à II Reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP que ocorreu em Cabo Verde.

“Hoje, mais do que nunca, é fundamental escutar e considerar as opiniões dos organismos internacionais, da sociedade civil, do sector privado, dos parlamentares, dos institutos de investigação e do mundo académico”, anotou. O Director-Geral reiterou que só trabalhando de forma conjunta, a comunidade internacional poderá superar os desafios em matéria de desenvolvimento sustentável e garantir que nada fique para trás na implementação da Agenda 2030.

O Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, realçou a importância de elevar o estatuto do CONSAN para órgão assessor dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP e sugeriu que que as suas reuniões ordinárias tenham lugar sempre à margem das Cimeiras da CPLP.

Por meio da Declaração de Santa Maria aprovada no dia 16 de julho, o CONSAN-CPLP reconheceu o trabalho e liderança do Professor José Graziano da Silva como Diretor-Geral da FAO com a finalidade de tornar a Organização mais eficiente e eficaz no apoio aos Estados-Membros para implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Durante a sua visita a Cabo Verde, o Director-Geral da FAO assinou uma carta de intenções com o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, que prolonga o mandato do escritório da FAO em Lisboa para apoiar a implementação da Estratégia, aprovada pelos países da CPLP na Cimeira de Maputo em 2012.

 

Apoio à agricultura familiar e às mulheres rurais

Na sua intervenção, o Director-Geral da FAO também destacou a importância crucial do apoio à agricultura familiar através da aprovação de políticas públicas e programas intersectoriais, e da dinamização do papel das mulheres rurais dos países da CPLP para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Ainda assim, Graziano da Silva advertiu que a estratégia para aumentar a produção a qualquer preço não foi suficiente para erradicar a fome nem conseguiu evitar a epidemia global da obesidade e excesso de peso e teve um enorme custo para o meio ambiente devido ao uso intensivo de químicos e recursos naturais.

“O solo, a água, a qualidade do ar e a biodiversidade continuam a deteriorar-se. Devemos promover uma mudança transformadora na forma como produzimos e consumimos alimentos. Teremos que propor sistemas alimentares sustentáveis que ofereçam alimentos saudáveis e nutritivos ao mesmo tempo que preservem o meio ambiente”, afirmou.

Neste sentido, encorajou a adaptação dos sistemas agrícolas e alimentares ao impacto das alterações climáticas, especialmente tendo em conta a intensidade crescente de inundações e secas como a que sofre o país anfitrião do encontro.

 

Promoção de dietas saudáveis

O Director-Geral da FAO alertou os países lusófonos para fazer frente às taxas crescentes de obesidade que afectam tanto os países desenvolvidos como os países em via de desenvolvimento, que qualificou como “alarmantes”.

Explicou que, em 2017, cerca de 2.000 milhões de adultos sofriam de excesso de peso, dos quais cerca de 700 milhões eram obesos. “O consumo excessivo de alimentos processados ricos em sal e açúcares são responsáveis pelo aumento da obesidade. Para fazer frente a esta situação, devem ser promovidas dietas saudáveis através de políticas públicas que permitam que os consumidores conheçam os benefícios e os malefícios do que consomem”, assinalou.

Segundo o Director-Geral da FAO, é necessário  redobrar os esforços na educação nutricional, sobretudo das mães e das crianças bem como  melhorar a informação disponibilizada aos consumidores através da regulação da rotulagem e da publicidade dos alimentos.

 

Fotografia: ©FAO/Inês Gonçalves   

Mulher carrega peixe acabado de comprado a pescadores locais em São Tomé e Príncipe.