FAO em São Tomé e Príncipe

FAO marca presença no encontro com os parceiros de desenvolvimento para São Tomé e Príncipe

Photo legend: FMI encontra-se com os parceiros de desenvolvimento para São Tomé e Príncipe (Crédito: Denilson Costa)

19/07/2017

19 julho 2017, São Tomé – O Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades da República Democrática de São Tomé e Príncipe organizou, na Sala de Reuniões da Agência Fiduciária de Administração de Projectos, um encontro entre a Missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) e os principais parceiros de desenvolvimento do país, no qual a FAO fez-se representar por Argentino dos Santos, Assistente ao Representante da FAO em São Tomé e Príncipe. Um encontro que surge no quadro do seguimento e preparação para o arranque da missão de avaliação de Setembro do Programa Apoiado pelo Acordo de Facilidade do Crédito Alargado (ECF, na sigla inglesa).

Avaliar a actual situação macroeconómica de São Tomé e Príncipe e definir as possíveis áreas de desenvolvimento do país, foram os pontos que marcaram este encontro. Turismo, Agricultura e Pesca, foram os sectores mais destacados, onde cada um dos intervenientes foi apresentando uma espécie de análise SWOT em cada um destes sectores. Segundo Xiangming Li, Chefe da missão do FMI, o défice do país no ano passado, segundo o relatório, era mais elevado. Após cortes de algumas despesas houve melhorias. Apesar deste ganho, ainda existem alguns sectores da vida pública, como o caso da Empresa de Água e Electricidade (EMAE), que precisam de ser reajustados, evitando assim gastos desnecessários pois, para uma empresa pública como esta, as perdas que se têm registado representam um risco para a economia do país.

A aposta no turismo parece ser a que recolhe mais entusiasma, mas Vilmar Coutinho, Embaixador do Brasil, aconselha um entusiasmo com cautela, pois o aumento de turistas no país requer automaticamente gasto maior no consumo da energia, daí que é preciso, segundo este, criar um plano de gestão financeira para que a EMAE possa dar resposta aos problemas que têm contribuído para o baixo PIB no país. Alargamento e apetrechamento do Aeroporto internacional de São Tomé e Príncipe e construção de porto de águas profundas, são duas das apostas do 16º Governo que parecem promissoras, mas, alguns dos parceiros aconselham o país a ter em conta a questão da sustentabilidade das dívidas que advirão destas infra-estruturas.

O sector das pescas e a sua devida exploração poderá vir a constitui uma mais-valia para o desenvolvimento do país. Nesta senda a FAO tem financiado o projecto TCP/STP/3603 “Aplicação para a melhoria da colocação dos produtos haliêuticos no mercado em São Tomé” com objectivo de melhorar as cadeias de transformação e comercialização de frutos do mar em São Tomé e Príncipe e torná-lo mais seguro, eficaz e sustentável. O sector das pescas é de importância vital para o crescimento económico de São Tomé e Príncipe, nomeadamente no que se refere à geração de emprego e prossecução da segurança alimentar e nutricional. Estima-se que 15% da população vive directa ou indirectamente da pesca, sendo o consumo de peixe muito alto - mais de 30 kg/ ano per capita - e os produtos do pescado representam mais de 85% da ingestão de proteína animal da população.

A população Santomense é maioritariamente jovem e a alta taxa do desemprego foi também abordada neste encontro. Alguns dos intervenientes não deixaram de realçar que acreditam que o elevado índice de criminalidade que se tem registado nos últimos tempos no país está directamente ligado à falta de emprego. A nível da agricultura e da pesca, existe a possibilidade de geração de empregos, mas é preciso que, para além dos projectos financiados pela FAO tanto no sector da pesca bem como da agricultura, o sector privado também seja capaz de investir. São Tomé e Príncipe é um país de rendimento médio, por isso necessário se torna contar com parceiros, principalmente nesta altura em que o mesmo se encontra em via de transição de país em via de desenvolvimento para país de desenvolvimento médio baixo.