FAO em São Tomé e Príncipe

Período da gravana propícia à produção de hortaliças em São Tomé e Príncipe

Photo Legend: Precário estado de comercialização dos Produtos no mercado de São Tomé e Príncipe. (Credito: Denilson Costa).

25/07/2017

25 julho 2017, São Tomé – Ôque Maquina, é uma comunidade localizada no distrito de Lobata, conhecida pelo seu potencial na prática da agricultura. Através do projecto “Reforço da Segurança Alimentar através de uma melhor Disponibilidade de Alimentos Produzidos Localmente”, a FAO tem contribuído para a contínua potencialização desta comunidade, a qual tem vindo a abastecer, com quantidades significativas de diversos produtos alimentares. Já à dois anos que Sumner Metzger, coordenador do referido projecto, e outros colaboradores do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, têm fornecido aos demais agricultores desta comunidade todo o suporte necessário para o aumento da produção com vista a preencher lacunas outrora verificadas no mercado nacional.

Composta por 25 membros, a associação de horticultores de Ôque Maquina, mostram agradecimento pela chegada deste projecto à comunidade pois, à semelhança das outras comunidades, a produção aumentou exponencialmente, facto que contribuiu claramente para a melhoria das condições de vida dos beneficiários. Facilidade na aquisição das sementes, produtos de combate as pragas, formações e outras acções são os pontos destacados pelos beneficiários que veem nestas acções uma alavanca para a produção. Para além de tomate (lycopersiciSusceptibility), pimentão (piperis) e alface (lactucis agrestibus), existe uma área reservada ao pomar, onde o mamão (papaya) se destaca. 

 Durante a época chuvosa do ano em curso, de apenas 5 mil plantas de tomate “Mongal” foram colhidos 10 mil quilos de tomate, o que significa que em cada planta foram colhidos 2 quilos de tomate. No entanto, nesta época seca denominada de “gravana”, com a mesma quantidade de plantas, prevê-se tirar o dobro da produção passada visto que o período seco propicía a produção, explicou Desidério Lopes, Presidente da Associação local dos horticultores. Para além das oportunidades trazidas pelo projecto, uma outra mais-valia chegada à comunidade prende-se com o melhoramento do sistema de irrigação, executado pelo projecto de Apoio à Pequena Qgricultura Comercial (PAPAC), e financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), através do Ministério da Agricultura.

Todavia, a falta de um mercado adequado à venda e poder de compra da população não têm sido favoráveis a um maior lucro. Para além do mercado, é necessário criar condições de transformação de produtos, nomeadamente de vegetais e frutas pois tratam-se de alimentos facilmente perecíveis, daí que a sua boa conservação seja de extrema importância para fazer face a épocas de carência. Um outro problema não deve ser esquecido – os furtos que têm conhecido maiores proporções nas plantações. Temendo pela vida, os agricultores clamam ajuda às entidades competentes no sentido de solucionar este mal que tem desmotivado alguns agricultores, que nem sempre conseguem colher a quantidade real da produção.

Sem um fornecedor fixo e sem uma indústria de conservação, os agricultores veem como única saída fornecer os produtos às palaiês que recorrem ao mercado nacional “coco-coco” para proceder à comercialização. As condições de conservação na comercialização dos mesmos é um problema grave, que representa uma ameaça à saúde pública. Não havendo espaço para o elevado número de feirantes dentro do mercado, os produtos são comercializados em amontoados ou “quilo no chão” nos arredores do mercado, expostos ao sol, pó, bactérias e de entre outros micro-organismos invisíveis a olho nu. É, por isso, urgente que o Estado crie condições que se possa vir a colmatar as inúmeras barreiras que os agricultores e comerciantes enfrentam, permitindo assim que o sector agrícola contribua mais e melhor na geração de riqueza ao País.

Contribuições que a FAO tem vindo à dar, na valorização dos produtos.

Na ausência de grandes fábricas de conservação dos produtos a nível nacional, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO), tem vindo a proceder, no âmbito do projecto “Reforço da segurança alimentar urbana na África Central através de uma melhor disponibilidade de alimentos produzidos localmente”, ao financiamento de algumas obras que vão de encontro ao problema de desperdício dos produtos. Para tal, a FAO financiou a requalificação e apetrechamento da antiga empresa Agostinho Neto e de uma Unidade de Processamento de Produtos Agrícolas de Lobata. Relativamente a esta última, deve ser ressalvado que os agricultores envolvidos no projeto aceitaram, através de um acordo, fornecer a esta cooperativa com 5% dos excedente da sua produção a um preço simbólico para a transformação neste unidade.

Ainda nesta vertente, a FAO financiou em Santo Amaro a requalificação do antigo mercado, que vai encurtar os gastos com a deslocação dos produtos à capital. No seu campo de acção, a FAO tem procurado através dos muitos projectos financiados no País, colmatar as diversas lacunas encontradas e expostas neste texto.