FAO em São Tomé e Príncipe

Colheita de milho em Bom Sucesso revela sucesso de luta contra a praga do milho

Maior produção de milho alguma vez produzido em Bom Sucesso (Crédito: Denilson Costa)

28/08/2017

28 de agosto 2017, São Tomé – Apesar do ataque da Spodoptera sp, inseto devastador do milho, que afectou quase todos os países da África incluindo São Tomé e Príncipe, 6 meses depois de cuidados intensivos com a rega, monda e cuidados com a praga acima citada, finalmente se realizou a tão esperada colheita de milho em Bom Sucesso. Apesar das dificuldades iniciais encontradas no combate da praga, o projeto TCP/3602 (E) “Projeto de assistência urgente para o controlo da Spodoptera sp, em parceria com o TCP/STP/3502 “Projeto de apoio à conservação e melhoramento da qualidade de solo no Distrito de Mé-Zóchi”, financiado pela FAO, procedeu à colheita de milho na localidade.

São no total 2.132 kg de milho colhido em peso bruto, em apenas 13 socalcos. Uma produção que, segundo José Menezes, consultor nacional do projecto, representa o esforço abnegado de muito trabalho e luta numa altura em que as mudanças climáticas provocam a falta da chuva. Sem falar das dificuldades colocadas pelo ataque da Spodoptera sp, que felizmente foi combatido. Ainda na sua explanação, o mesmo exortou o proprietário para a preservação dos socalcos que serão utilizados para as próximas produções. Assunção Trovoada, coordenador do projecto agradeceu a todos aqueles que contribuíram para que esta colheita fosse possível, pois o combate a esta praga foi fundamental. O mesmo menciona ainda que a quantidade do milho colhida hoje podia ser maior se não fosse a existência dos constrangimentos verificados nos primeiros meses da produção do milho.

De recordar que a praga provocada pela Spodoptera sp levou vários agricultores, particularmente em São Tomé, a desistirem das suas plantações de milho, facto que gerou preocupação por parte da FAO, das autoridades nacionais e dos técnicos dos diversos países africanos a reunirem-se em Nairobi com vista a solucionar o problema. Sendo São Tomé e Príncipe o primeiro país a ser beneficiado com o projeto da luta contra a Spodoptera, a sua participação neste evento, serviu para partilhar com os demais países presentes a experiência no combate a esta praga.

Neste momento, o milho está a ser comercializado no mercado nacional a dez mil dobras por quilograma, um preço que para os agricultores não vale o esforço feito durante a produção. Como forma de tirar maior proveito nesta produção, Tereza Borges, proprietária da produção, pretende explorar o mercado na Ilha do Príncipe, onde segundo ela, existe grande carência de milho e o mercado se aparenta mais atractivo. A mesma também agradeceu à equipa do projecto todo o apoio prestado, principalmente após a morte do marido (Thomas Costa), antigo proprietário do terreno. Com a falta de centros de transformação do cultivo do milho no país, este produto é quase unicamente usado para confecionar cachupa, um prato típico da gastronomia de Cabo Verde muito apreciada pelos descendentes cabo-verdianos residentes nas ilhas de São Tomé e Príncipe. Para além da cachupa, o milho pode ser consumido cozido ou assado quando colhido fresco.

Importa frisar que todo o apoio tem sido dado através do projecto, que disponibilizou meios rolantes para proceder a deslocação do milho de Bom Sucesso à localidade de Penha onde está localizado o secador solar. Após seco, o milho será debulhado e transportado à residência do proprietário. Por outro lado, o “Projeto de apoio à conservação e melhoramento da qualidade de solo no Distrito de Mé-Zóchi”, vai fornecer aos agricultores sementes para a próxima produção e garantiu desde já todo o acompanhamento necessário para que a produção seja satisfatória.