FAO em São Tomé e Príncipe

Fluxos migratórios merecem destaque no Dia Mundial da Alimentação

Ciclo de conferências para a comemoração do 16 de Outubro (Crédito: Denilson Costa)

18/10/2017

18 de outubre de 2017 São Tomé – Este ano, o Dia Mundial da Alimentação foi celebrado em São Tomé e Príncipe com uma série de actividades por todo o país. Destas, e porque o lema deste dia internacional em 2017 é “Mudar o Futuro da Imigração. Investir na Segurança Alimentar e Desenvolvimento Rural”, o Governo de São Tomé e Príncipe, com o apoio da FAO, proporcionou um ciclo de conferências dirigido aos alunos do 12º ano das duas maiores instituições de ensino do país. Estas conferências chamaram a atenção aos alunos para a actual falta de quadros formados no ramo da agricultura e promoveram um debate aberto sobre os conceitos de “segurança alimentar” e “desenvolvimento rural”, e como estes influenciam a problemática do êxodo rural.

A escolha do tema em causa para a comemoração do Dia Mundial da Alimentação propõe reflectir sobre as causas de base dos crescentes movimentos migratórios, especialmente do campo para a cidade, e encontrar soluções para este problema através do investimento na segurança alimentar e no desenvolvimento rural. De facto, o êxodo rural constitui um desafio para São Tomé e Príncipe. Fugindo da pobreza extrema, a que a população rural é a mais vulnerável, e em busca de melhores condições de vida, os fluxos migratórios com destino para a capital têm sido uma constante na vida de muitos Santomenses.

Reconhecendo a importância da temática, na comemoração do 16 de Outubro, directores e técnicos do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural foram ao encontro dos alunos do Liceu Nacional. Aluno deste liceu, Amílcar Seabra não deixou de expressar a sua opinião sobre o porquê de a agricultura constituir um setor pouco atrativo para os jovens no país: “a falta de quadros formados em áreas acima mencionadas justifica-se pelo magro salário que se pratica nestas instituições. Mesmo havendo oportunidades nestes sectores é preciso que haja estímulos financeiros para que nós possamos enveredar por estas áreas de formação, porque não é normal um licenciado ganhar uma coisa como 170 USD (dobras, moeda nacional), num país em que a cada dia que passa os produtos de primeira necessidade se têm tornado mais caros”.

Atrair os jovens para este sector é simultaneamente um desafio e uma necessidade já que a renovação dos quadros do Governo com habilitações nestas áreas é urgente. Pelas palavras de Nilton Garrido, Director da Direcção do Estudo de Planeamento, “é preciso que o governo ofereça maior leque de formações para que os estudantes tenham mais opções no momento da escolha, pois muitos quadros formados que existem no ministério, encontram-se já muitos deles na idade de reforma e há necessidade de ter quadros qualificados nessas áreas para garantir a continuidade dos trabalhos”.

Para além dos impactos expectáveis nos meios rurais, o êxodo em direcção às cidades traz também problemas para estes espaços. Estima-se que, diariamente, cerca de 80 mil pessoas deslocadas das áreas rurais deambulem pela cidade sem ocupação. É por isso urgente inverter esta tendência de migração interna, não esquecendo que a emigração é um fenómeno em igual expansão e que ambas dependem de condições atractivas no país para serem contrariadas.