FAO em São Tomé e Príncipe

Período de gravana propicia abundância dos produtos hortícolas no mercado nacional

Abundância actual de produtos hortícolas no mercado nacional © FAO/Denilson Costa

04/07/2018

04 de Julho de 2018, São Tomé – Em São Tomé e Príncipe, a “gravana” corresponde ao período seco do ano, com uma duração de 3 meses, tendo o seu início em meados de Maio. É também o momento do ano que dispõe à população maior quantidade de alimentos. A equipa de Informação e Comunicação da FAO São Tomé e Príncipe deslocou-se ao principal mercado do país, indo ao encontro da Angelina Cunha, vendedora de tomate que nos falou sobre a disponibilidade actual deste produto no mercado nacional.

 

É na estação seca que os consumidores têm acesso a uma vasta gama de produtos hortícolas a preços mais favoráveis. Por sua vez, este constitui também o período de menores rendimentos, tanto para os agricultores como para as comerciantes devido à grande abundância registada. Este ano, a situação da gravana agrava-se tendo em conta alguns fenómenos que sugerem o impacto das alterações climáticas no país. É o caso das chuvas atípicas que temos vindo a registar e que levam muitos a questionarem-se sobre a “normalidade” do período em questão. Para outros, a menor produção agrícola constitui uma preocupação adicional já que, segundo a sua experiência, fortes chuvadas nesta época comprometem a produção.

 

Segundo Angelina Cunha, “pese embora a chuva sentida e o fenómeno das alterações climáticas, continua-se praticando o baixo preço no mercado. Mas se as condições climáticas continuarem ao mesmo ritmo, nesta época em que muitos horticultores não lançam as sementes à terra esperando um clima mais favorável, o baixo preço praticado poderá vir a terminar antes do tempo e o preço poderá vir a disparar a qualquer momento”.

 

Aprofundando a questão, a mesma afirmou que “quatro dias depois da última chuva fomos ao campo para a compra dos produtos e reparamos em algumas plantas e frutos queimados. Isto significa que a produção vai ser baixa e vai provocar escassez, o que vai obrigar os horticultores a comercializar os produtos mais caros e nós também teremos de comercializá-los a preços mais altos, porque temos que ter algum lucro também”.

 

Já na recta final da entrevista, Angelina Cunha alertou a toda população no sentido de aproveitarem este momento em que os produtos se encontram a baixo preço para comprarem em quantidade e procederem à sua conservação, exortando o governo da ‘necessidade urgente de apostar na conservação, uma vez que estamos a falar de produtos como o tomate, alface, pimentão e outros, facilmente perecíveis’. Com vista a minimizar as perdas pós-colheita, tanto para os horticultores como para as comerciantes, a FAO através dos projectos implementados no país, construiu diversas infra-estruturas capazes de minimizar o problema, como é o caso do Centro de Transformação de Agostinho Neto.