FAO em São Tomé e Príncipe

Preocupação do governo com a propagação de zoonoses propicia novo projeto

Matilha de cães vadios na capital santomense © FAO / Denilson Costa

08/08/2018

08 de Agosto de 2018, São Tomé – No passado dia 01 de Agosto, durante a audiência concedida pela Ministra da Saúde, Maria de Jesus Trovoada, ao Representante da FAO para São Tomé e Príncipe, Hélder Muteia, foi expressa a vontade da FAO em dar resposta à preocupação do governo no que toca à propagação de zoonoses. Ou seja, às doenças e infecções transmitidas pelos animais ao Homem.

Em resposta a esta preocupação conjunta, no dia 08 de Agosto, realizou-se uma reunião que juntou em debate o Assistente ao Representante (Argentino dos Santos), técnicos do Ministério da Saúde, o Director da Pecuária e técnicos da referida Direcção, um técnico do Ministério dos Recursos Naturais e Ambiente, bem como um representante da Câmara de Água-Grande. Procurando encontrar em conjunto uma solução para a proliferação das zoonoses, um dos assuntos mais debatidos foi a problemática da crescente população canina no país, particularmente na capital. Ficou patente que o assunto em causa é preocupante e requer medidas urgentes uma vez que já existem matilhas que têm vindo a devorar grupos de gado.

Nas discussões surgiu ainda a questão da legislação, sobre a qual Argentino dos Santos afirmou que “através da experiência que temos com relação ao tema em questão, é preciso que haja legislação à altura de dar resposta à saúde animal e que preserve a população. Numa altura em que muito se fala da aposta no turismo, temos que procurar uma solução urgente e devolver à nossa capital a segurança que a caracteriza”.

Quem caminha pela capital no dia-a-dia não pode deixar de reparar na quantidade de cães que deambula pelas ruas com os quadris descobertos devido à extrema magreza, feridas expostas e que sobrevivem procurando alimento nos contentores do lixo. Para além dos possíveis ataques a humanos, os cães constituem um perigo rodoviário pelo número que representam. Segundo a Direcção da Pecuária, já se havia desenvolvido um plano de emergência para o efeito mas por falta de verbas não foi desenvolvido com sucesso. Agora, graças ao apoio da FAO, acredita-se que o problema poderá vir a ser sanado. Para isso é preciso que se construam canis, uma vez que o abate dos animais mais jovens e sem doenças está fora de questão.

Uma das recomendações deste encontro passa pela sensibilização e educação da população quanto à propagação de zoonoses. Para tal é necessário promover a consciencialização das pessoas relativamente às condições de abrigo, alimentação e saúde dos animais domésticos. Sem responsabilidade moral dos donos, que muitas vezes não zelam pela sobrevivência dos seus animais domésticos, o controlo de cães soltos nas ruas é tarefa árdua para os serviços de saúde pública. Até porque os cães, quando não tratados, vacinados e vermifugados podem constituir uma ameaça para a saúde pública, já que podem transmitir doenças ao ser humano, como é o caso da raiva, a zoonose mais conhecida. Sendo o bem-estar da população uma das preocupações da FAO, a Organização vai fazer chegar ao país consultores e especialistas na matéria no sentido de elaborar um projecto que resolva o problema em questão.