FAO em São Tomé e Príncipe

Lançamento técnico do projecto de restauração florestal e paisagística em São Tomé

Corte ilegal de madeiras no Parque Natural Obô de São Tomé © FAO / Denilson Costa

13/11/2018

13 de novembro de 2018, São Tomé - O Governo da República Democrática de São Tomé e Príncipe identificou a restauração florestal e paisagística como uma prioridade estratégica para os próximos anos. A luta contra a extração ilegal de árvores e medidas de sensibilização para o efeito são também parte desta prioridade. Consequentemente, com intuito de dar resposta a esse desiderato, foi formulado o projecto de “Restauração da Paisagem pela Funcionalidade dos Ecossistemas e Mitigação das Alterações Climáticas na República de São Tomé e Príncipe”, implementado pela FAO, executado pela Direção das Florestas e financiado pelo GEF. A par da evolução da definição técnica dos trabalhos do projeto, realizou-se hoje, no Centro de Formação Profissional Brasil – São Tomé, o lançamento do atelier técnico do projeto. O discurso de abertura foi proferido pelo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Teodorico de Campos, na presença dos representantes da FAO, GEF e de quadros técnicos com intervenção no setor florestal.

A nação insular de São Tomé e Príncipe abriga alguns dos ecossistemas florestais mais ricos e diversificados da África. A população humana em rápido crescimento das ilhas tem tido um impacto significativo sobre as florestas nativas que são amplamente restritas a alguns vales remotos e áreas montanhosas inacessíveis. A procura crescente e cada vez mais competitiva por alimentos, energia e espaço estão a acelerar a degradação dos recursos naturais e dos ecossistemas, o que reduz sua resiliência às alterações climáticas. Aproximadamente um terço das florestas foram convertidas em plantações de sombra e sistemas agroflorestais que produzem principalmente café e cacau -as principais culturas de exportação do país.

No acto de abertura deste atelier, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Teodorico de Campos, considerou que este projecto reveste grande importância para São Tomé e Príncipe face aos desafios actuais e merece o engajamento de todas as partes interessadas. “Reflorestar o país e devolver à natureza a sua capacidade de absorção do dióxido de carbono é uma tarefa, não só do Governo, mas de todos nós” afirmou o ministro. São Tomé e Príncipe enfrenta as desvantagens típicas de uma pequena economia insular - alta vulnerabilidade a choques externos, incapacidade de rentabilizar economias de escala, falta de infraestruturas e serviços básicos, baixa capacidade humana e fraco setor privado. Uma das maiores ameaças ambientais é a sobre-exploração dos recursos florestais. O consumo da lenha é muito alto e a madeira ainda é a principal mercadoria usada na construção de casas locais. A desflorestação de encostas íngremes da montanha para plantar cultivos alimentares sem técnicas agrícolas adequadas tem vindo a ser um dos factores agravantes na degradação da floresta.

O projeto que está enquadrado na Iniciativa de Reflorestação (TRI), reúne a Organização das Nações Unidas Alimentação e Agricultura (FAO), União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) e o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), e tem o objetivo de promover a restauração e gestão sustentável dos ecossistemas florestais de São Tomé e Príncipe para reduzir as emissões de carbono da desflorestação e degradação reversa da floresta e do solo. Para além de São Tomé e Príncipe, este projeto está a ser implementado em seis outros países de África (Quénia, Tanzânia, Congo Democrático, Camarões, República Centro-Africana, Guiné-Bissau) e três países asiáticos (Paquistão, China e Myanmar), prefazendo um total de 10 países e 11 projectos.

O projeto está estruturado em quatro componentes interligadas: Desenvolvimento e integração de políticas; Implementação de programas de restauração e atividades complementares; Instituições, finanças; e, Conhecimento, parcerias, monitoramento e avaliações. No país, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, através da Direção das Florestas, será o principal parceiro executor, assessorando no estabelecimento de parcerias operacionais com uma ampla gama de agentes para implementar as atividades do projeto, incluindo outros ramos da administração (distritos, órgãos de gestão dos parques naturais, da região autónoma do Príncipe), empresas do sector privado, ONG, cooperativas das cadeias de valor do cacau, café e pimenta, e comunidades das áreas onde o trabalho de restauração florestal e paisagístico será realizado.