FAO em São Tomé e Príncipe

Não há tempo a perder para reverter as tendências negativas da fome e a desnutrição

O Director-Geral da FAO, José Graziano da Silva, discursa na sessão de abertura do CSA © FAO

15/10/2018

15 de Outubro de 2018, Roma - Ainda temos tempo suficiente para cumprir o compromisso global de erradicar a fome, mas é necessária acção urgente para combater o recente aumento no número de pessoas que dela padecem, indicaram hoje os participantes do Comité de Segurança Alimentar Mundial (CSA).

"Não há tempo a perder", disse o Director-Geral da FAO, José Graziano da Silva, na abertura da reunião da CSA, que durou uma semana. Se a fome não for erradicada, a consecução dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável será comprometida, isso significa que a pobreza não será erradicada, os recursos naturais continuarão a degradar-se e a migração forçada aumentará ainda mais", acrescentou.

O CSA, aberto à sociedade civil, ao sector privado e a outros actores do sector, é a primeira plataforma internacional e intergovernamental inclusiva para a coerência e convergência de políticas em segurança alimentar e nutricional.

"O CSA deve intensificar as discussões, fornecer conselhos e desenvolver políticas de nutrição concretas. O nosso programa é extremamente ambicioso", disse Mario Arvelo, presidente do CSA.

"Se sairmos vitoriosos desta batalha, se cada pessoa em todos os países usufruir de numa situação de segurança alimentar sustentável em 2030, será um ponto de viragem na História. Temos soluções para melhorar a condição humana”, acrescentou.

Este ano, as sessões do CSA concentrar-se-ão na melhoria dos sistemas alimentares e na nutrição, nas Directrizes do Direito à Alimentação e em mais de 50 eventos paralelos que abordarão diferentes questões, tais como as alterações climáticas, urbanização, mulheres em áreas rurais, transformação de alimentos, agro-ecologia e gestão de criação de gado.

As variadas formas de desnutrição

De acordo com o último relatório da ONU sobre a fome, quase 821 milhões de pessoas, ou seja uma em cada nove pessoas no planeta, sofreram de fome no ano passado, marcando o terceiro aumento consecutivo deste género.

"Há muita informação sobre a distribuição geográfica da fome e seus factores-chave, incluindo factores climáticos e conflitos prolongados, que tiveram o efeito de comprometer severamente as plantações dos agricultores de subsistência", ressaltou Graziano da Silva. "Melhorar os meios de subsistência das pessoas pobres nas áreas rurais e fortalecer a sua resiliência em tempos de desastre e conflito é essencial", acrescentou.

 

 

 

"Devemos realmente trabalhar para colocar um ponto final aos conflitos", disse David Beasley, Director executivo do Programa Mundial de Alimentos.

Outras formas de desnutrição também estão a expandir, incluindo a obesidade que afecta 13,3 por cento da população adulta mundial e está prestes a ultrapassar o número de pessoas subnutridas em todo o mundo. Oito dos vinte países com alguns dos aumentos mais rápidos nas taxas de obesidade situam-se em África.

"O excesso de peso e a obesidade devem fazer parte das políticas públicas, não se trata de um problema privado. Os governos devem ser responsáveis e fornecer alimentos saudáveis, nutritivos e acessíveis para todos. Essas políticas exigem legislação nacional e programas direccionados para promover o consumo de produtos locais frescos", disse Graziano da Silva.

"A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável apela ao fortalecimento e expansão de parcerias e o CSA, que reúne uma ampla gama de partes interessadas, oferece uma oportunidade única para o diálogo", acrescentou.

O que faz o CSA ?

Esta semana, os delegados do CSA irão discutir as Directrizes Voluntárias sobre Sistemas Alimentares e Nutrição, que devem ser finalizadas em 2020.

Estas Directrizes destinam-se a apoiar os governos e parceiros a melhorar os sistemas alimentares, torná-los mais sustentáveis, de acordo com as crenças, culturas e tradições das pessoas e garantindo que beneficiam as pessoas mais vulneráveis. Eles são projetados para desenvolver uma abordagem holística, levando em conta a fragmentação das políticas existentes entre a alimentação, agricultura e sector de saúde.

As Directrizes enfocar-se-ão em três dimensões em particular: cadeias de abastecimento alimentar, desde a produção até o processamento, passando pela embalagem e comercialização, mas também pelo ambiente alimentar, aspectos culturais, físicos e condições sociais que condicionam as escolhas alimentares e o estado nutricional das pessoas, bem como o comportamento do consumidor que é influenciado pelos dois primeiros factores e preferências pessoais.

Notícia adaptada para a língua portuguesa. Link da notícia original: http://www.fao.org/news/story/fr/item/1157552/icode/