FAO em São Tomé e Príncipe

O desemprego em São Tomé e Príncipe é um dos mais elevados da África Central

Mercado de São Tomé, um dos locais de maior concentração de desempregados do país © FAO/Denilson

14/01/2019

14 de janeiro de 2019, São Tomé – Segundo dados divulgados pela União Africana e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a República Democrática de São Tomé e Príncipe encontra-se entre os países da África Central com médias de desemprego mais elevadas no período de 2000 a 2015.

Na primeira edição do estudo “Dinâmicas de Desenvolvimento de África, Crescimento, Emprego e Desigualdades de 2018” produzido pela OCDE, São Tomé e Príncipe apresenta uma média de desemprego de 15%. Dos 9 países da África Central analisados no período de 2000 a 2015, a taxa média de desemprego de São Tomé é apenas superada pelo Gabão (com uma percentagem de desemprego que quase alcança os 20%) e pela República de Congo (com pouco mais de 16% de desemprego).  Os Camarões, a República Centro Africana (RCA), Chade e Guiné-Equatorial registaram valores abaixo de 7%, enquanto que a República Democrática de Congo (RDC) e Burundi, registam taxas de emprego inferiores a 5 %.

Em São Tomé e Príncipe, 62% da população total do país (194.000) possui menos de 25 anos e a taxa anual de crescimento populacional estimada em 2.76% prevê que esta percentagem continue a crescer no futuro. Entretanto, o elevado volume de mão-de-obra activa que os jovens poderiam representar não é aproveitada. De facto, o desemprego afecta 22.6 % dos jovens e a dificuldade de obtenção do primeiro emprego constitui uma das maiores entraves ao acesso dos jovens ao mercado de trabalho. A estes dados acresce uma outra preocupação – a elevada aglomeração populacional urbana na capital de São Tomé, especialmente de jovens. Estima-se 131,000 são-tomenses (68% do total da população) vive na cidade.

Perante estes dados, fica evidente que o desemprego jovem em São Tomé e Príncipe é um problema que merece uma solução urgente para reverter a insustentabilidade a que o país se arrisca. A empregabilidade dos jovens na agricultura seria uma solução viável, especialmente devido à tradição agrícola do país. Actualmente, o sector agrícola emprega 60% da população activa (especialmente a população mais idosa) mas apenas reflecte aproximadamente 22 % do PIB nacional. A modernização da agricultura (através da introdução das novas tecnologias de informação bastante apelativas para os jovens, por exemplo) e estímulo do agronegócio poderiam ser componentes essenciais para atrair os jovens para o sector, para além de contribuir para o crescimento económico do sector. 

As intervenções da FAO, sobretudo na região da África Central, têm vindo a investir nos jovens africanos e a tentar atrair o seu interesse para o agrícola através do uso das novas tecnologias e fomento do agronegócio. Em São Tomé e Príncipe, a FAO tem privilegiado a participações dos jovens agricultores nos projectos cujo objectivo passa pelo aumento da produção e produtividade agrícola. Mais iniciativas se esperam em 2019 e os diálogos com o governo já foram encetados nesse sentido.