FAO em São Tomé e Príncipe

Excedente de hortícolas no mercado preocupa produtores e comerciantes

Exposição de tomate para venda no mercado nacional © FAO / Denilson Costa

17/04/2019

17 de abril de 2019, São Tomé – O excedente de produtos agrícolas, sobretudo de tomate, cenoura e feijão-verde no mercado nacional tem acarretado elevados constrangimentos para os agricultores e comerciantes. Em contra-partida, os consumidores são favorecidos com uma maior quantidade e qualidade de produtos a um preço diminuto. Vendo a sua capacidade de obtenção de lucro reduzida, algumas vendedoras afirmam que a produção será comprometida, pois este é um problema que também afeta os agricultores. À busca de soluções partem também os consumidores  que pretendem encontrar formas de conservar estes alimentos, comprados nesta altura em grandes quantidades.

Na base deste aumento de produção agrícola encontra-se o potencial produtivo dos distritos de Mé-Zochi e Lobata, que produzem grande parte das hortícolas que entram no mercado nacional. Segundo a comerciante Amélia Rompão “nos anos anteriores, no período do ano em que nós estamos (época de chuva) encontravam-se produtos hortícolas no mercado, mas em muito menor quantidade, o que nos permitia vender e arrecadar maiores lucros. Mas este ano não sei o que aconteceu. Os produtores estão com excesso de produtos no campo e o mercado não nos tem ajudado muito porque o poder de compra existe, mas dada à quantidade de produtos, somos obrigadas a vender mais barato para ver se retiramos ao menos o dinheiro investido”.

Ainda na entrevista concedida à FAO, Amélia deixou um apelo ao governo - “nós não temos como conservar esses produtos ou transformá-los. É preciso que o governo nos ajude, criando centros de transformação ou exportando os produtos existentes. Porque se for para o camponês investir o seu dinheiro e não ter retorno, e nós comerciantes não tivermos lucro com a venda, então não faz sentido continuar”.

Apesar da possível sensibilidade social para com a insegurança alimentar e nutricional, o estímulo à maior produtividade agrícola por parte dos agricultores não encontrará sustentabilidade futura caso os rendimentos obtidos com esta atividade não sejam satisfatórios e compensadores. Mas, quais os motivos que estão na base desse aumento galopante de produtos agrícolas? Entre eles certamente se encontrarão as trocas de experiências e formações desenvolvidas pela FAO e pelo Ministério da Agricultura no âmbito do projeto de Horticultura Urbana e Periurbana, declarou  Desidério Lopes, agricultor beneficiário do projeto concluído em 2017.

Com base nos diversos depoimentos dos beneficiários do projeto e na quantidade de hortaliças que se encontram no mercado provenientes dos campos de Lobata e Mé-Zochi, conclui-se que os impactos do projeto foram, de facto, bastante positivos. De recordar também que através do projeto de Horticultura Urbana e Periurbana, a Organização financiou a construção e apetrechamento de um centro de transformação de produtos locais na comunidade de Agostinho Neto, bem como a formação dos membros da associação responsável pela execução de trabalhos no centro.

A transformação de produtos locais e diminuição de perdas pós-colheita são questões que merecem atenção prioritária a nível nacional, e por isso esta e outras iniciativas semelhantes são louváveis. Também neste âmbito a FAO continuará a apoiar São Tomé e Príncipe.