FAO em São Tomé e Príncipe

O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo e os desafios futuros da segurança alimentar e nutricional

Representante da FAO para São Tomé e Príncipe, Hélder Muteia, acompanha cultivo de tomates em Santa Clara, local de implementação do projecto HUP © FAO/Denilson Costa

15/04/2019

15 abril de 2019, São Tomé – Contribuir para eliminar a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição é o objetivo principal da FAO no mundo. Até 2030, os países membros da ONU comprometeram-se a erradicar a pobreza extrema e a fome no mundo. Como parceira essencial na prossecuação deste objetivo, a FAO encontra-se a apoiar os países no desenvolvimento e implementação de políticas, estratégias e programas em prol da garantia da segurança alimentar e nutricional das populações mais vulneráveis. Todos estes esforços são sempre orientados por uma abordagem holística, inclusiva e sustentável e respeito do Direito Humano à Alimentação Adequada e soberania alimentar das populações.

Segundo o Estado da Insegurança Alimentar no Mundo de 2018 (FAO), em 2050 a população mundial irá ultrapassar os 9 biliões de pessoas. A urbanização irá continuar a crescer de forma acelerada, o aumento dos rendimentos por indivíduo irá alterar as exigências e preferências alimentares, passando a incluir mais variedade e maior valor nutricional na dieta da população. Segundo a FAO, para que se possa atender a essa crescente e mais exigente procura, é preciso aumentar a produção de alimentos em 70%. Contudo, o aumento da produção alimentar é desafiado por vários fatores, entre eles a combinação crescente de episódios de crises, conflitos e desastres naturais.

O equilíbrio entre o aumento crescente da produção de alimentos e a sustentabilidade ambiental é igualmente um desafio a assinalar. Não será possível almejar uma agricultura sustentável capaz de alimentar o mundo sem que sejam adotadas práticas agrícolas que favoreçam a saúde dos solos. Estima-se que 33% dos solos de todo o mundo estejam degradados em decorrência de diversos fatores, tais como o uso insustentável e utilização desregulada de pesticidas e fertilizantes químicos. Tal significa que para garantir uma produção sustentável serão necessários investimentos significativos na recuperação de vastas áreas agrícolas em todo o mundo.  Em São Tomé e Príncipe, e desde janeiro de 2017, que a FAO encontra-se a implementar um projeto de “apoio à atualização das cartas de fertilidade dos solos nas zonas agrícolas periurbanas de São Tomé”.

Face aos impactos claros da degradação dos solos na sustentabilidade dos sistemas agroalimentares e garantia da segurança alimentar e nutricional dos são-tomenses, o Coordenador do Conselho Nacional de Segurança Alimentar de São Tomé e Príncipe (CONSAN/STP), Celso Garrido, afirmou que “[p]recisamos inovar o sector agrícola e galvanizar os jovens para esta fonte de rendimento que, desde 1975, tem vindo a ser aposta dos sucessivos governos”. Com a sua larga experiência no sector agrícola nacional, Celso Garrido é apologista de que “a inovação na agricultura  será essencial para garantir que as próximas gerações possam ser alimentadas com qualidade. Para isso é preciso que ocorra uma transformação na forma como produzimos os alimentos. Não basta aumentar a produtividade, é preciso utilizar uma abordagem mais abrangente, que envolva produção e consumo sustentáveis de forma a garantir a segurança alimentar para as futuras gerações”.

“São Tomé e Príncipe possui solos férteis, grandes curso de água e a chuva presentei-a os agricultores durante 9 meses no ano. Além destes preciosos recursos naturais, o país tem o previlégio de contar com diversos financiamentos de parceiros internacionais, inclusive da FAO, que desde sempre tem vindo a nos ajudar no sentido de deixarmos de ser dependentes do exterior. Perde-se noção de quantos projetos a FAO já financiou em São Tomé e Príncipe e acredito que um dos nossos problemas tem a ver com a falta de apropriação e de seguimento dos mesmos”, afirmou Celso Garrido aquando da entrevista concedida à FAO por ocasião da última missão dos especialistas da Organização do departamento de Terra e Água que vieram ao país para discutir com as autoridades nacionais sobre o novo projeto de irrigação que a FAO desenvolverá em São Tomé e Príncipe.