FAO em São Tomé e Príncipe

Palaiês de Lembá recebem formação em gestão financeira e técnicas de manuseamento do pescado

Foto de família das participantes após a formação na praia de Neves © FAO/ Denilson Costa

15/05/2019

 

15 de Maio de 2019, São Tomé – Hoje, na comunidade de Neves, distrito de Lembá, a ONG MARAPA realizou uma formação de 26 palaiês (vendedoras e transformadoras de peixe) em dois domínios principais - gestão financeira e regras de higiene no manuseamento de pescado. A formação que se insere no âmbito do projeto da FAO de “melhoria da comercialização dos produtos haliêuticos no mercado de São Tomé” , visou reforçar as capacidades das senhoras que desenvolvem esta atividade com vista a reduzir as perdas pós-captura e aumentar a segurança sanitária que o consumo de pescado oferece ao consumidor.

A pesca artenasanal em São Tomé e Príncipe desempenha um papel importante na economia familiar, pois é fonte de alimento, emprego e geração de rendimentos. Este tipo de pescas é ainda caracterizado pelo uso de meios e técnicas rudimentares, a destacar, o uso de pequenas embarcações e o arrasto de rede pela força humana. A produção é muitas vezes processada usando métodos tradicionais conhecidos por salga e secagem. Entretanto, estas caracaterísticas da pesca praticada no país, associadas às más práticas de higiene no manuseamento, processamento e conservação do pescado, resultam em elevadas perdas pós-capturas.

Para solucionar este problema, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), através do projeto em questão assinou um protocolo de acordo com a ONG MARAPA, que tem vindo a disseminar e incentivar as peixeiras e consumidores às boas práticas que garantem a qualidade do pescado. A iniciativa que visa garantir a saúde do consumidor, como também aumentar a renda dos praticantes desta atividade, conta com o financiamento da FAO e espera-se que continue após término do projeto com o apoio da Direção das Pescas.

Para o coordenador nacional do projeto, Augusto Diogo,“É importante que as boas práticas comecem desde o momento em que o peixe é retirado do mar. Assim, pode-se evitar a transmissão de doenças oriundas da infestação de micróbios ou parasitas nos peixes, daí a importância de adotar as palaiês de boas práticas no seu negócio. Desta forma, o alimento não é contaminado e a qualidade e a saúde são garantidas aos consumidores”.

De acordo com Elísio Santos, técnico da ONG MARAPA e formador, “Com esta ação de formação, as formandas estão melhor capacitadas para gerir os seus negócios e aplicarem as regras de higiene e técnicas de conservação e manipulação de pescado melhoradas. Os seus conhecimentos também melhoraram no que respeita ao procedimento de salga, secagem e fumagem do pescado, o que lhes possibilitará obter mais rendimento e, por conseguinte, oferecer aos clientes um produto de melhor qualidade”.

Anacleto Gaspar, vereador da Câmara de Lembá, expressou a sua satisfação com a iniciativa, sublinhando que “estas formações são sempre bem-vindas, pois permitem que as palaiês aumentem o seu conhecimento na área da qual tiram os seus sustentos”. Presente ao longo da formação, afirmou “Acompanhei a formação desde o início e, assim como elas, aprendi aspetos muito importantes ligados à gestão financeira e manipulação do pescado”.

Por último, destacamos o ponto de vista de uma das participantes na formação – a palaiê Migela Mendes. De acordo com a mesma, “uma vez que nós temos a formação, já estamos conscientes dos perigos que um peixe maltratado pode trazer para a saúde dos consumidores. Agora, apelo às minhas companheiras a colocarmos tudo isso que aprendemos em prática de forma a termos mais lucro e melhor gerirmos os nossos negócios.Só temos que agradecer à ONG MARAPA e à Direção das Pescas por esta formação, e à FAO pedir para que continue a olhar por nós, palaiês de São Tomé e Príncipe”.