FAO em São Tomé e Príncipe

Técnicas melhoradas de transformação de pescado mais productivas durante a gravana

Palaiê exibindo o voador panhá salgado © FAO/ Denilson Costa

15/08/2019

15 de Agosto de 2019, São Tomé – A gravana (período seco do ano em São Tomé e Príncipe, com a duração de três meses) é o auge da pesca do famoso “voador panhá”, que durante esta estação vem desovar nas águas são-tomenses. Pela grande quantidade pescada nesta altura, as palaiês (transformadoras e vendedoras de peixe) recorrem à salga/secagem como forma de garantir peixe às suas casas e à população em geral em épocas de escassez.

Na comunidade de Porto Alegre, enquanto a chuva atrasa a sua vinda, as casas exibem centenas de estrados improvisados com inúmeros peixes (sobretudo voador panhá e coelho) expostos ao sol. Além destas técnicas encontrarem raízes culturais fortes, as palaiês têm colocado em prática as técnicas melhoradas de secagem e salga adquiridas nas formações levadas a cabo pela ONG MARAPA (ONG Mar, Ambiente e Pesca Artesannal), no âmbito do projeto “melhoria da comercialização do pescado no mercado de São Tomé” financiado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Estas formações ministradas a palaiês e pescadores no intuito de ensiná-los a conservar melhor o pescado e garantir produtos de qualidade no mercado, têm-lhes permitido maiores rendimentos e menores perdas pós-captura.

Ilda Alcântara, palaiê e beneficiária das formações, partilha:  “desde que nasci que, sempre que há muito peixe, recorremos à salga. Ou até mesmo há quem o fume de modo a não perdemos dinheiro. Já há dois anos que sou beneficiária da formação que a ONG tem-nos dado. Hoje, posso dizer que exerço esta atividade com maior profissionalismo graças à essa formação e às condições que nos foram dadas. Por isso, mil vezes obrigado à FAO”.

Ainda em conversa com Ilda, e enquanto nos mostrava o peixe que tinha preparado, ela nos confidenciou: “normalmente é nas épocas de chuva que tiro maior proveito com peixe salgado e, muitas vezes, nem vou ao mercado. Tudo é feito com base na encomenda. Como por exemplo com os clientes de bares aos quais forneço peixe”. Quando questionada sobre a maior realização obtida nesta profissão, orgulhosa, Ilda disse que “uma cliente ligou para elogiar a forma como ela tem conservado o pescado!”. Sorridente e com olhos rasgados, não esconde a paixão pelo que faz e a felicidade que o peixe lhe traz ao permitir ter o suficiente para si e para a sua família.

Sendo uma palaiê dedicada e disposta à inovação, Ilda constitui um exemplo para as colegas da profissão que pratica desde longa data: “já estou nesta profissão há mais de trinta anos e cada dia que passa eu tenho melhorado a forma de conservar o pescado, porque durante esses anos eu participei em muitas formações. Além de salgar peixe, eu também me dedico à fumagem e secagem do peixe. Com os 30 secadores de peixe que a FAO nos vai fornecer, vamos ter mais e melhores condições de fazer o que crescemos a fazer”.