FAO em São Tomé e Príncipe

Estudo do sector dos produtos do mar em São Tomé e Príncipe: Identificação e Caracterização dos Agentes - Palaiês

© FAO/Ody Mpouo

21/05/2020

21 de maio de 2020, São Tomé – Dada a importância dos recursos haliêuticos e o papel que os mesmos representam para a segurança alimentar e nutricional, a FAO tem vindo a desempenhar um papel de liderança na política internacional de pesca, trabalhando com uma vasta rede de parceiros, onde se incluem governos, organismos regionais de pesca, cooperativas, comunidades pesqueiras e outros.

Dada a importância do sector da pesca na economia de São Tomé e Príncipe (STP), temos vindo a identificar e caracterizar os agentes da pesca no país no quadro do estudo foi realizado no quadro do apoio do Programa de Cooperação Técnica da FAO – Melhoria da comercialização dos produtos haliêuticos em STP.

Neste artigo, iremos caracterizar as palaiês.

As palaiês são maioritariamente mulheres que comercializam e transformam o pescado, esta dupla especialização é uma particularidade do sector das pescas de São Tomé e Príncipe. Pese a comercialização e a transformação do peixe serem exercidas essencialmente pelas mulheres, nota-se uma presença dos homens no comércio por grosso em São Tomé e a captura de peixe salgado e seco na Região Autónoma do Príncipe (RAP). 

O inquérito quadro de 2014, avalia em 2.255, o número de palaiês. Um notável crescimento do efectivo das palaiês, foi verificado entre 2007 e 2015, ou seja 15%.

O quadro das quantidades pescadas por origem em 2015, demonstrou a importância do papel das palaiês na utilização da captura desembarcada. As palaiês abastecem-se na praia, directamente dos pescadores, daí o peixe é encaminhado seguidamente para os pontos de venda (mercados urbano em geral) através de táxis e motorizadas, no entanto, muitas delas, transportam o seu produto a pé, realizando vendas de porta em porta ou tomam direcção para as localidades do interior.

Pelo facto do gelo ser pouco utilizado para a conservação do peixe, a actividade de conservação do mesmo, se concentra na salga e defumagem em menor escala. A salga e secagem intervêm sobretudo quando há mercadorias por vender e ou super abundância da captura. A actividade permite então evitar as perdas em quantidade ou valor. A defumagem é muito menos desenvolvida e refere-se a fracas quantidades.

A situação das palaiês revela dois aspectos preocupantes a sublinhar:

- A importância do seu efectivo relativamente à captura existente. Há manifestamente excedente nesta camada de actores, no entanto, fora dos períodos de abundância da captura que são cada vez mais raros, muitas palaiês não têm uma actividade real por falta de produto. Num local de captura onde o número de palaiês recenseadas era de 300, investigações mais acentuadas mostraram que realmente, apenas 30 palaiês em média exercem diariamente a actividade.  

- A comercialização ineficiente devido ao seu carácter atomizado que não favorece economias possíveis sobre os custos de comercialização;                

Em jeito de nota de rodapé, é dizer que, temos estado a apresentar vários artigos sobre o estudo efectuado em 2017 sobre a “Melhoria da comercialização dos produtos haliêuticos em STP”, o referido estudo foi publicado em 2019.