FAO em São Tomé e Príncipe

A FAO apela a um rápido aumento da assistência humanitária agrícola na África Central à luz das alarmantes taxas de insegurança alimentar aguda

DRC food crisis © FAO

03/06/2022

03 de junho de 2022, São Tomé – Na África Central, milhões de pessoas dependem da agricultura, pecuária, pesca, silvicultura e outros recursos naturais para a sua alimentação e rendimentos. Contudo, os efeitos das alterações climáticas, caracterizados por eventos climáticos extremos e conflitos sociopolíticos, estão a ameaçar significativamente estes sectores e a minar a segurança alimentar e os meios de subsistência das pessoas que deles dependem. A FAO pede 248 milhões de dólares para ajudar 3,2 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar aguda na África Central e proteger e restaurar os seus meios de subsistência.

Uma situação alarmante que é suscetível de se deteriorar ainda mais

De acordo com novos dados do relatório mundial sobre crises (GRFC), as taxas de fome e subnutrição em todo o mundo são alarmantemente elevadas. Em 2021, cerca de 193 milhões de pessoas, mais 40 milhões do que em 2020, estavam em situação de grande insegurança alimentar e necessitavam de assistência urgente em 53 países e territórios. O continente africano tem cerca de 114 milhões de pessoas em situação de grave insegurança alimentar, incluindo 33 milhões em quatro países da sub-região da África Central: a República Democrática do Congo, que atravessa a maior crise alimentar do mundo, com quase 26 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar; os Camarões, o segundo país mais afectado (2,4 milhões de pessoas); a República Centro-Africana (2,36 milhões de pessoas); e o Chade (2 milhões de pessoas).

Este agravamento deve-se a uma variedade de fatores que se reforçam mutuamente: dos conflitos às crises ambientais e climáticas, das crises económicas às crises sanitárias, tendo a pobreza e a desigualdade como fatores subjacentes.

Os conflitos continuam a ser o principal fator de insegurança alimentar. Embora esta análise seja anterior à invasão russa da Ucrânia, o relatório observa que esta guerra já salientou a interdependência e fragilidade dos sistemas alimentares globais, com graves consequências para a segurança alimentar e nutricional global.

Com 75 por cento da população dos países africanos dependentes da agricultura de subsistência para alimentação e rendimentos, o investimento no sector agrícola é essencial para salvaguardar a subsistência das famílias e melhorar a segurança alimentar. Na África Central, por exemplo, cerca de 25 milhões dos 33 milhões de pessoas que se encontram em situação de insegurança alimentar aguda vivem em zonas rurais.

Prestação de assistência humanitária agrícola de emergência

Com o seu novo Quadro Estratégico 2022-2031, a FAO planeia "prestar assistência a 60 milhões de pessoas por ano através de intervenções de emergência e resiliência, e através de investimentos em ações preventivas e antecipatórias que reduzirão as necessidades humanitárias futuras e permitirão um desenvolvimento sustentável. Este objetivo representa um aumento de cerca de 100% no número de pessoas assistidas pela FAO em 2021. Inclui a promoção da transformação dos sistemas agroalimentares para os tornar mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis a fim de melhorar a produção, a nutrição, o ambiente e as condições de vida, não deixando ninguém para trás.

De facto, investir na agricultura tem um impacto significativo na vida das populações assistidas. Por exemplo, na República Democrática do Congo, o potencial do sector agrícola é significativo, embora esteja a lutar para se desenvolver. Graças aos investimentos no sector, a produção agrícola local está a aumentar e a baixar os custos de importação de alimentos. Por conseguinte, o empenho da comunidade internacional é crucial para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e para o fornecimento de respostas de emergência que possam reduzir as necessidades humanitárias a longo prazo. Por exemplo, a FAO trabalha em estreita colaboração com as comunidades e instituições locais para ter em conta e abordar as dimensões sociais, económicas e ambientais da assistência humanitária e do desenvolvimento sustentável de uma forma inclusiva. Finalmente, o retorno do investimento das intervenções agrícolas está entre os mais elevados em relação ao financiamento humanitário. Um compromisso efetivo de financiamento plurianual, flexível e fiável para o sector agrícola garantirá um impacto duradouro na construção da resiliência das populações necessitadas.