FAO em São Tomé e Príncipe

FAO apoia Governo na elaboração de uma estratégia nacional e de um plano de ação para a empregabilidade dos jovens nas profissões agrícolas em São Tomé e Príncipe

© FAO/Ody Mpouo

19/12/2023

19 de dezembro de 2023, São Tomé – A sala de conferência do Hotel Praia, foi palco hoje do lançamento do Projecto “Apoio à Formulação de uma Estratégia Nacional e de um Plano de Ação para a Empregabilidade dos Jovens nas Profissões Agrícolas em São Tomé e Príncipe”.

A República Democrática de São Tomé e Príncipe (RDSTP) é um dos pequenos Estados Insulares mais pobres de África, com uma taxa de incidência da pobreza de 66,7% (2017) e uma taxa de pobreza extrema de 47%. O Sector agrícola contribui com 20% do PIB e emprega quase 80% da população ativa.

Este sector agrícola, que já foi uma fonte de emprego e de distribuição de riqueza graças a cultura de rendimento como o café e o cacau, apresenta atualmente um fraco desempenho devido ao baixo rendimento e a natureza pouco estruturada da agricultura familiar de subsistência, que depende principalmente das flutuações da precipitação e dos riscos climáticos.

As consequências diretas deste mau desempenho agrícola podem ser explicadas pela taxa muito elevada de êxodo rural dos jovens. Muitos jovens, homens e mulheres, que constituem a população ativa, iniciaram um êxodo maciço para os centros urbanos em busca de emprego. No entanto, as cidades não têm capacidade para os absorver devido ao abrandamento da economia e à oferta insuficiente de emprego. O desemprego dos jovens e das mulheres é também agravado pelo desemprego dos jovens licenciados e de muitos outros que abandonaram a escola.

De acordo com os dados do Banco Mundial (2021), cerca de metade dos adultos em idade ativa do quintil mais pobre não têm emprego. De facto, o desemprego e a baixa participação no mercado de trabalho, em especial entre as mulheres e os jovens, contribuem para um elevado risco de pobreza e constituem uma verdadeira bomba-relógio social para o governo. O emprego no sector agrícola, que não é suficientemente atrativo em São Tomé e Príncipe (STP), poderia absorver toda ou parte desta população se os sistemas agro-alimentares fossem modernizados. Por outras palavras, um sector agro-rural, dotado de tecnologias inovadoras e de uma agricultura inteligente, mobilizaria mais jovens para o empreendedorismo agrícola.

           Consciente da importância do sistema agroalimentar na criação de emprego e na redistribuição da riqueza, o governo com o apoio técnico e financeiro da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), irá implementar o referido projeto numa assistência que permitirá analisar e descrever a situação do país de forma inclusiva, centrando-se nas causas e implicações da situação em termos da fragilidade do sistema de absorção de jovens e mulheres, que são as populações mais vulneráveis, na agricultura. Através de um diagnóstico, os progressos, as lacunas, as oportunidades e os estrangulamentos serão examinados para produzir um documento de Estratégia Nacional, incluindo um Plano de Ação para promover os jovens em profissões agrícolas, a fim de ajudar o país a cumprir o seu compromisso com a Agenda 2030 e as metas relevantes dos ODS.

“Os jovens compõem mais de 60% da mão de obra ativa no país, logo, havia essa necessidade de os mobilizar para este sector que é de extrema importância para o país.” Disse o Assistente ao Representante da FAO-STP, Senhor Argentino Pires dos Santos.

“Esta iniciativa é uma oportunidade para transformar o sector agrícola nacional num sector mais atrativo, visto que o país passará a ter jovens agro-empreendedores.” Disse o Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Senhor Abel Bom Jesus.

Ao presidir a cerimónia, a Ministra da Juventude e Desporto, Senhora Eurídice Semedo Medeiros, aproveitou a oportunidade para agradecer a FAO e sublinhou que é imprescindível tornar a agricultura mais atraente para os jovens, levando-os a encarar este sector como lucrativo, promissor e sustentável.

O referido projeto tem a duração de 19 meses, e tem como objetivos:

- Realizar um diagnóstico da situação atual dos jovens e avaliar as oportunidades existentes de empregos agrícolas decentes;

- Formular uma estratégia nacional;

- Iniciar uma ação/projeto-piloto de digitalização agrícola.  

Como resultados, espera-se que o desemprego e a pobreza entre os jovens de ambos os sexos sejam reduzidos através do acesso a empregos dignos na agricultura.