FAO em São Tomé e Príncipe

São Tomé e Príncipe rumo à atualização dos mapas de fertilidade dos solos

21/02/2017

São Tomé/Libreville – A agricultura constitui o pilar da economia de São Tomé e Príncipe e, como consequência, este setor atrai uma forte pressão sobre os recursos naturais, no geral, e sobre as terras agrícolas, em particular. Neste sentido, foi observado pelos serviços oferecidos nas terras que ocupam as culturas que o rendimento destas sofreu uma diminuição ao longo do tempo, o que se torna num fator verdadeiramente limitador da produção. O governo são-tomense, através do Centro de Investigações Agronómicas e Tecnológicas (do francês, CIAT), confirma esta hipótese de perda de qualidade dos solos agrícolas ao longo das campanhas, propondo uma atualização dos mapas de fertilidade dos solos situados ao nível das grandes zonas de produção.

É neste contexto que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o governo de São Tomé e Príncipe assinaram, no passado dia 14 de fevereiro de 2017, um projeto intitulado “Apoio à atualização dos mapas de fertilidade dos solos nas zonas periurbanas de São Tomé e Príncipe”.

Os desafios de uma nova cartografia

Na ilha, já existe um mapa de solos, mas o mesmo data do ano 1961, o que reforça a necessidade de atualizar os dados sobre os solos. Além disso, foi observado que a produtividade dos solos que ocupam as culturas diminuíram ao longo do tempo e assim deixou de permitir aos agricultores rentabilizar eficazmente os seus esforços de produção. Face ao desafio que representa a diminuição da produção, é importante possuir uma cartografia da fertilidade dos solos aráveis para conhecer o teor de nutrientes destas áreas e desta forma determinar as quantidades de fertilizantes necessárias, evitando o risco de aplicação de dosagens inferiores ou superiores às adequadas, garantindo a conformidade com o princípio de Gestão integrada da Fertilidade dos Solos. «O mapa atualizado da fertilidade dos solos será um útil instrumento de suporte aos decisores de São Tomé e Príncipe, que o terão à sua disposição para planificar e definir o desenvolvimento da agricultura, levando em consideração as competências oferecidas pelas diferentes regiões de produção>> explicou Selon Valère Nzeymana, Encarregado das Terras e Águas no Escritório Sub-regional da FAO para a África Central.

O objetivo geral deste projeto passa por levar os agricultores de São Tomé e Príncipe, através das respetivas organizações profissionais e as comunidades rurais, a gerir a fertilidade das suas terras, a fim de praticar uma agricultura rentável e duradoura. Este projeto insere-se no quadro geral das estratégias e programas nacionais de segurança alimentar e nutricional de luta contra a pobreza e de preservação dos recursos naturais. As zonas selecionadas a título experimental para a implementação das atividades são: Mesquita, Uba-Cabra, Blu-Blu, Amparo II, Saudade e Bom Sucesso.

Uma melhor informação para gerir os recursos

Os dados gerados por este estudo terão uma utilidade estratégica a diversos níveis. Estes servirão de base para formular conselhos técnicos adequados aos agricultores para que estes consigam aumentar significativamente a produtividade dos solos que albergam os seus cultivos, mas também para assegurar a informação e a formação das partes interessadas para o domínio da gestão e a conservação da fertilidade dos solos.  

O mapa de fertilidade permitirá conhecer exatamente as zonas geográficas onde será necessário fornecer um complemento aos solos para que as culturas exprimam o seu potencial pleno de produção e aquelas onde, pelo contrário, não será necessário fornecer aos solos os fertilizantes complementares. Além disso, os dados obtidos orientarão a avaliação agronómica minuciosa da capacidade das terras a serem cultivadas permanentemente. As regiões onde a produção será mais positiva em termos de otimização serão posteriormente identificadas.