FAO em São Tomé e Príncipe

Melhorar e tornar os sistemas de produção agrícolas e alimentares para criar empregos dignos para a juventude na África Central

Hélder Muteia, coordenadora do Escritório Subregional da FAO para a África Central. (Foto © FAO / Gesrhill Mengome)

27/11/2017

23 de novembro de 2017, Libreville - A Décima Reunião da Equipa Multidisciplinar do Escritório Sub-regional da FAO para a África Central (MDT SFC 2017) subordinou-se ao tema "melhorar e tornar sustentáveis os sistemas de produção agrícolas e alimentares para criar empregos decentes para a juventude na África Central" decorreu de 30 de outubro a 2 de novembro de 2017, no Hotel Re-Ndama em Libreville, no Gabão. O objetivo geral desta reunião foi fornecer o ambiente adequado para o intercâmbio de conhecimentos entre os escritórios dos países da região, o Escritório Sub-Regional, o Escritório Regional e a Sede. O encontro reuniu cerca de oitenta participantes, dentre eles os secretários-gerais dos ministérios da agricultura e pecuária dos países da África Central, os parceiros técnicos e financeiros (FIDA, COMIFAC, ECCAS, CEMAC, CEBEVIRHA, BAD, BDEAC, COREP), os representantes da FAO dos oito países da sub-região, do Escritório Regional da FAO para África (RAF), do Escritório Sub-regional da FAO para a África Central e da Sede.

No final desta reunião, o Coordenador do Escritório Sub-Regional para África Central e Representante da FAO para o Gabão e São Tomé e Príncipe, Hélder Muteia, forneceu uma entrevista ao jornal da União. A entrevista em questão está abaixo exposta.

 

De 30 de outubro a 2 de novembro de 2017, realizou-se em Libreville a 10ª Reunião da Equipa Multidisciplinar do Escritório Sub-regional da FAO para a África Central. Quais foram as conclusões e recomendações no final desta reunião?

 

No quadro das atividades da FAO, uma reunião de equipa multidisciplinar é organizada no final de cada biénio para rever todos os programas e atividades de todos os países da sub-região, com vista a realização de uma avaliação aprofundada. Isso ajuda a definir as prioridades de cada país, a fim de estabelecer um roteiro para os próximos anos. No entanto, ao formular recomendações, existem recomendações gerais que dizem respeito a todos os países e recomendações específicas que dizem respeito a cada país, a fim de adaptar o desenvolvimento da agricultura ao contexto agrícola de cada país da sub-região na medida em que nem todos os países têm o mesmo potencial e oportunidades. Uma das principais preocupações abordadas na reunião foi a busca de soluções para a integração dos jovens nos sistemas agroalimentares modernos. Nesse sentido, várias conclusões e recomendações foram emitidas, entre outras, podemos citar a adoção de uma abordagem participativa e inclusiva para integrar os atores desde o início no desenvolvimento das Estruturas de Programação Quadro País (CPP), para assegurar a sua sustentabilidade e o desenvolvimento de Planos de Trabalho Anuais associados (PTA) associados antes do mês de outubro para sua inclusão na lei de financiamento do respetivo país, bem como o uso de estações de rádio rurais e comunitárias onde estes existem para a divulgação das informações. A necessidade de garantir o acesso à terra, às tecnologias, aos mercados e ao crédito foi enfatizada, especialmente para os jovens e as mulheres.

 

Fizeram parte desta reunião os Secretários-Gerais dos Ministérios da Agricultura e Pecuária da sub-região e os parceiros financeiros. Tal colaboração satisfez as suas expectativas? Que recomendação poderá emitar sobre esta abordagem?

 

Um dos principais objetivos do encontro multidisciplinar foi o consenso sobre prioridades e objetivos. Decidimos aproveitar esta oportunidade para consultar as entidades de cogeração e outros parceiros. Por conseguinte, era importante como principais beneficiários deste apoio, que os governos da sub-região participassem nesta reunião para que se encontrassem no mesmo nível de informação sobre a evolução das atividades e assim procedessem a uma avaliação do programa implementado pela FAO nos seus países. Era também uma questão de reunir as necessidades dos países em questões de desenvolvimento do setor agrícola, daí a necessidade de envolvê-los. Os governos estão no centro da orientação de parceria que os liga com a FAO, cabe a eles dizer onde existe a necessidade e a FAO, com seus conhecimentos técnicos, fornecerá orientações e propostas de apoio que serão definidas em conjunto. Estando em parceria, era necessário que todas as questões fossem devidamente esclarecidas.

Para avançar nesta abordagem, precisamos do apoio de parceiros financeiros, porque o desenvolvimento da agricultura é acompanhado de financiamento. Dado o contexto económico atual da região, precisamos dos esforços financeiros dos parceiros, daí a necessidade de envolver os doadores no desenvolvimento da agricultura. Para desenvolver a agricultura, além dos recursos nacionais, a FAO auxilia também os países na mobilização de recursos. Tivemos o privilégio de contar com a colaboração da ECCAS, do BAD, do FIDA, CEBEVIRHA, BDEAC, República Popular da China, entre outros.


O tema desta 10ª Reunião da Equipa Multidisciplinar centrou-se no desenvolvimento do sector agrícola e na criação de empregos dignos para jovens. Qual é o valor adicional para os países e como a FAO planeja apoiá-los para atingir esse objetivo?

 

O maior desafio quanto aos jovens é poder integrá-los nos sistemas agroalimentares e isso é feito através do acesso a terras férteis e água para irrigação, bem como o acesso ao crédito. Usando como exemplo o Gabão, país onde o setor agrícola está em plena expansão e precisa de mão-de-obra jovem e mecanismos de desenvolvimento de uma agricultura sustentável. Constatamos que a mão-de-obra ativa neste setor está envelhecendo no nível rural, o que dificulta o crescimento da agricultura. Como resultado, é necessário renovar essa força de trabalho agrícola, sem a qual a agricultura não pode ser praticada, pelo que seria necessário encontrar formas de incentivar os jovens a se interessarem por esse setor. A FAO planeia apoiar os países na criação de certos mecanismos, tais como a capacitação de jovens, o desenvolvimento de cadeias de valor no setor da agricultura, que permitirá dar uma visão diferente dessa atividade para além do tradicional carácter laborioso, geralmente o mais realçado. É necessário fazer um valor total de todos os subsectores que compõem a agricultura, incluindo pecuária, pesca, aquicultura e todos os outros setores relacionados que dizem respeito às cadeias de valor. Além disso, as leis de propriedade fundiária devem ser revistas para permitir que os jovens tenham acesso à terra.