FAO em São Tomé e Príncipe

Dia Internacional das Florestas – tornando as cidades em espaços mais verdes, saudáveis e felizes para se habitar

Trilho na floresta de São Tomé ©FAO/Bárbara Campos

20/03/2018

20 de Março de 2018, Roma – Investir em espaços verdes pode ajudar a transformar as cidades em espaços mais sustentáveis, resilientes, saudáveis, equitáveis e prazerosos para se viver, declarou a FAO na véspera do Dia Internacional das Florestas (21 de Março de 2018).

Uma vez bem planeadas e geridas, as cidades podem tornar-se melhores espaços para se viver mas, muitas vezes, a expansão urbanística é responsável por danos ambientais que, em última instância, conduzem a problemas como o aumento das temperaturas, inundações e poluição do ar. Os custos para o planeta incluem aumento na emissão de gases de efeito estuda, degradação dos solos e vias fluviais, denuncia a publicação sobre florestas Unasylva da FAO, cuja última edição é dedicada às florestas urbanas em celebração do Dia Internacional das Florestas.

“Os bosques e árvores bem geridos dentro e ao redor das cidades proporcionam habitats, alimentos e proteção para muitas plantas e animais, ajudando a manter e aumentar a biodiversidade”, assinalou o Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva, na sua mensagem de vídeo por ocasião da celebração do Dia Internacional das Florestas. Neste vídeo, sublinhou ainda a necessidade de “unir forças para proteger as florestas e as árvores para tornar os arrabaldes urbanos mais sustentáveis”.

 

As cidades necessitam de florestas de árvores

 

Mais de metade da população mundial vive hoje nas cidades, e em 2050 estima-se que 70 por cento do mundo se encontre urbanizado. Apesar das cidades ocuparem apenas três por cento da superfície da Terra, consomem 78 por cento da energia e emitem 60 por cento do dióxido de carbono.

As zonas florestais, bosques e árvores numa cidade e nos seus arredores realizam uma ampla gama de funções vitais, tais como armazenar o carbono, eliminar poluidores da atmosfera, ajudar a assegurar segurança alimentar, energia e água, restaurar os solos degradados e prevenir episódios de seca e inundações. Numa cidade de tamanho médio, as árvores urbanas podem, por exemplo, reduzir a perdas de solo por volta de 10 000 toneladas por ano.

Ao fornecer sombra e arrefecer o ar, as árvores e bosques urbanos podem reduzir as temperaturas extremas e mitigar os efeitos das alterações climáticas. De facto, as árvores plantadas adequadamente em torno dos edifícios podem reduzir as necessidades de ar condicionado em 30 por cento. Em climas frios, ao proteger as casas do vento, podem ajudar a poupar a energia utilizada para o aquecimento entre 20 e 50 por cento.

As florestas urbanas e periurbanas permitem aumentar a resiliência e qualidade das bacias hidrográficas e as reservas de água ao evitar a erosão, limitar a evapotranspiração e filtrar os poluentes. Além disso, plantar árvores de fruto das ruas pode contribuir para o aumento de disponibilidade de alimentos nas cidades.

 

Exemplos inspiradores por todo o mundo

 

Muitas cidades estão a demonstrar desde já o seu compromisso com um futuro mais sustentável e existem muitos exemplos excelentes de desenvolvimento urbano ecológico, segundo uma nova publicação denominada “Florestas e cidades sustentáveis: Relatos inspiradores de todo o mundo”, também lançada hoje em celebração do Dia Internacional das Florestas.

A publicação realça diferentes formas através das quais as cidades de todo o mundo utilizaram as florestas e as árvores para melhorar as condições de vida dos cidadãos, o que pode servir de inspiração para outras cidades.

 

O milagre da florestação em Beijing

 

Beijing é uma das cidades mais populosas e contaminadas do mundo. Sem grandes florestas ou outras áreas verdes, a cidade corre perigo de se converter numa selva de cimento com efeitos cada vez mais graves para a saúde e bem-estar dos residentes urbanos.

Em 2012, Beijing iniciou o maior programa de reflorestação da sua história. Nas áreas suburbanas e periurbanas, a maioria das terras foram reflorestadas após transladarem indústrias de baixo custo. As florestas, que cobrem hoje mais de 25 por cento do traçado urbano onde se encontra a cidade – um aumento de 42 por centro – oferecem aos residentes mais espaços saudáveis de lazer.

 

Participação comunitária em Nairobi

 

A floresta de Karura na zona centro-norte da capital do Quénia, Nairobi, foi outrora uma zona com elevada taxa de criminalidade. A proximidade da floresta com uma cidade em rápido crescimento, depressa levou a planos para reduzir a área florestal dando lugar à construção de vivendas. Porém, quando as comunidades locais se envolveram na sua gestão, a situação alterou.

Os conservacionistas – liderados pela ativista ambiental Wangari Maathai – lançaram uma campanha de grandes repercussões para salvar a floresta. A colaboração com diversas partes interessadas – incluindo autoridades locais, setor privado, associações comunitárias e de residentes, doadores e as organizações não-governamentais. desempenhou um papel decisivo na melhoria da gestão da floresta de Karura.

A população local beneficiou consideravelmente da participação direta. O bosque já não é um lugar perigoso, senão uma janela de oportunidades. Este local emprega hoje 46 trabalhadores permanentes, 36 dos quais vêm de comunidades vizinhas. Kakura converteu-se numa importante atração turística: de nenhum visitante em 2009, a floresta recebe hoje uma média de 16 000 visitas mensais.

Lima: reduzir o risco de desastres naturais

Em Lima, a capital do Perú, o município lançou em 2015 um projeto de reflorestação destinado a reduzir o perigo dos deslizamentos de terra. A população local foi capacitada para plantar bosques que ajudem a reduzir o risco de desastres pois estes espaços estabilizam os taludes, evitam e previnem a caída de pedras, retêm a terra e os sedimentos, e contribuem para melhorar o meio ambiente.

Uma área de 14 hectares – o equivalente a cinco campos de futebol – foi designada para parque, que inclui trilhas, miradouros e espaços de recreação familiar. Como resultado, foram plantadas 23 000 árvores nativas e foi instalado um sistema de rega gota-a-gota com águas residuais tratadas.

 

O trabalho da FAO nas florestas urbanas

 

A FAO apoia a adoção de soluções florestais urbanas para as cidades através de diretrizes e ferramentas técnicas e de comunicação.

Em Niger, por exemplo, a FAO apoiou o Governo a elaborar uma política nacional para a gestão de espaços verdes nas cidades e seus arredores para proteger o meio ambiente e mitigar os efeitos das alterações climáticas.

Em Cabo Verde, a FAO apoiou o Governo no desenvolvimento de planos integrados de silvicultura urbana em Praia e outras cidades importantes do arquipélago organizando cursos de capacitação para técnicos sobre planificação, desenho e gestão de espaços verdes urbanos, criando novos viveiros.

 

Dia Internacional das Florestas

 

O Dia Internacional das Florestas celebra-se no dia 21 de Março para consciencializar a população sobre a importância de todos os tipos de florestas em benefício das gerações atuais e futuras. A FAO celebrará este dia e o tema escolhido este ano - “Florestas e cidades saudáveis”- numa cerimónia especial a realizar na sede da Organização em Roma na qual estarão presentes os presidentes de câmaras municipais das cidades de Lima, Liubliana, Filadelfia e Mantua, e que se transmitirá pela internet.

 

(Notícia adaptada para Português. Notícia original no link: http://www.fao.org/news/story/en/item/1109810/icode/)