FAO em São Tomé e Príncipe

Actualização das cartas de fertilidade do solo nos distritos de São Tomé continua com actividades no terreno

Análises do solo em São Tomé © FAO / OwonoMve François

23/05/2018

23 de Maio de 2018, São Tomé – Para o  pedólogo, o solo designa a camada superficial das superfícies continentais, formada pela alteração da rocha subjacente e isto sob a acção combinada do clima e dos seres vivos. O seu volume, portanto, estende-se como indo da superfície da terra até a rocha mãe alterada. Para o agrónomo, o solo é o suporte de plantas cultivadas ou não. É a zona explorada pelas raízes e cuja parte superficial estabelecida entre 20 e 30 cm, é trabalhada pelos agricultores.

Independentemente de como são entendidos pelos pedólogos ou pelos agrónomos, é incontestável que os solos são precisos para a vida no planeta. Eles são, de facto, a base da vida vegetal, podendo ser capaz de produzir o material orgânico a partir do sol, ar, água e elementos minerais nele presente. Através da massa vegetal produzida, os solos fornecem aos seres humanos, entre outras coisas, alimentos, energia, materiais de construção e moléculas para fins médicos. Como principal reservatório de carbono orgânico, os solos contribuem significativamente para o combate face às alterações climáticas.

Longe de serem meros suportes, os solos constituem um elo essencial para o bom funcionamento dos ecossistemas. Neste sentido, e face aos desafios demográficos, alimentares, ambientais e climáticos, proteger o papel que os solos agrícolas têm na nossa alimentação e nutrição e manter a sua qualidade agronómica, tal como dos outros serviços ecossistémicos que oferecem, são de importância vital para a Organização das Nações Unidas Alimentação e Agricultura (FAO), à qual os países confirmaram o mandato de contribuir de forma sustentável para um mundo sem fome, conforme o ODS 2.

Importância de uma carta actualizada da fertilidade dos solos para São Tomé e Príncipe

A agricultura é um dos pilares da economia na República Democrática de São Tomé e Príncipe (RDSTP). O censo agropecuário de 1990 revela que, naquela época, o sector agrícola empregava 35.072 pessoas, das quais 35% eram mulheres. Sendo este um dos sectores que mais empregava a população, estima-se que depois de 1990 o número de activos no sector agrícola tenha aumentado significativamente.

A agricultura são-tomense deve estar preparada deve estar preparada para manter os indivíduos activos na agricultura e atrair novas pessoas para o sector. É urgente, portanto, conciliar o aumento da produção dirigida pelos agricultores com a necessidade de manter sustentavelmente o potencial produtivo dos solos que albergam as plantações e os numerosos serviços ecossistémicos a que estão associados. Este desafio está longe de terminar em breve. De facto, é conhecido que a agricultura são-tomense se confronta com variados desafios e entre estes está a “redução e perda de fertilidade dos terrenos cultiváveis". O teor de nutrientes dos solos é uma das prioridades para acompanhar a tomada de decisões em relação às exigências agronómicas das diferentes culturas, particularmente em termos das características físico-químicas desses solos.

O mapa do solo da RDSTP remonta ao ano de 1961. Volvidos os 57 anos após a última atualização, é provável que a composição de nutrientes dos solos em nutrientes tenha conhecido uma creta dinâmica. As recomendações de fertilização e o mapeamento do solo devem, portanto, ser atualizados e adaptados às mudanças dos parâmetros do solo. É preciso dizer ainda que o mapa da fertilidade do solo continua a ser uma ferramenta que relata e representa as terras classificando-as das mais férteis (naturalmente mais produtivas) às menos férteis, as quais necessitam de receber nutrientes para serem produtivas. Assim, o mapa da fertilidade do solo tem dois interesses principais, a saber: garantir o uso mais eficiente de fertilizantes químicos e orgânicos e evitar a poluição do solo onde não é necessário aplicar esses fertilizantes.

 Projeto TCP / STP / 3604 para apoiar a atualização dos mapas de fertilidade do solo em São Tomé e Príncipe

Por meio do Programa de Cooperação Técnica, a FAO está a apoiar a RDSTP no processo de atualização dos mapas de fertilidade do solo. A equipa do projecto é constituída por consultores internacionais e nacionais, pelos técnicos do Centro de Investigação Agronómica e Tecnológica (CIAT), pelo coordenador nacional do projecto, os agricultores e os funcionários da FAO. Para este processo, está no país OwonoMve François, técnico da FAO para a secção das terras e plantas. De frisar que esta actualização será nos seguintes distritos-alvo de São Tomé: Água Grande, Mé-Zochí, Lobata, Cantagalo, Caué e Lembá.

Serão assinalados cerca de 150 pontos num mapa digitalizado e cada um representará o perfil do solo que a equipa responsável pelo projecto localizará no terreno, irá descrever as características físicas e colectar amostras de solo para proceder à análise de laboratório físico-química.

Para além da implementação do TCP/STP/3604 vir a fornecer ao país uma importante ferramenta de apoio à decisão para a agricultura, a FAO pretende ainda, através desta experiência, capitalizar os conhecimento adquiridos e aumentar sua vantagem comparativa no desenvolvimento das atividades semelhantes nos países abrangidos pelo Gabinete Sub-Regional da FAO para a África Central (FAO-SFC).