FAO em São Tomé e Príncipe

Debate sobre “o cooperativismo como instrumento para o desenvolvimento económico e social em São Tome e Príncipe”

Audiência do debate © FAO/Denilson Costa

31/08/2018

31 de Agosto de 2018, São Tomé – A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) realizou hoje, na sala de conferências da Embaixada do Brasil em São Tomé, o seu segundo debate temático subordinado ao tema “O cooperativismo como instrumento para o desenvolvimento economico e social em São Tome e Príncipe”. O evento foi presidido pelo Ministro de Emprego e Assuntos Sociais, Emílio Lima, contando também com a presença do Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Teodorico de Campos, e de uma audiência vasta e heterogénea.

No passado dia 09 de Julho, a FAO lançou a sua iniciativa de debates temáticos mensais com o tema “O papel do cooperativismo em São Tomé e Príncipe e a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável do país”. Apesar deste ser o primeiro debate, teve bastante êxito e a participação ativa dos convidados fez surgir diversas recomendações que mereceram a atenção da FAO. Consequentemente, foi organizado este segundo debate com intuto de aprofundar o debate anterior e encontrar soluções que ajudem a ultrapassar os constrangimentos estruturais em termos de cooperativismo que são específicos ao contexto nacional e que, por diversas vezes, colocam em causa o sucesso de intervenções do governo e de outros organismos de cooperação para o desenvolvimento no terreno.

O Assistente ao Representante da FAO São Tomé e Príncipe, Argentino dos Santos, no seu discurso de abertura contextualizou os convidados sobre os objectivos que nortearam a realização deste debate e realçou a necessidade de fazer com que a opinião pública compreenda o que é o cooperativismo, pois muitas ideias o restringem ao cooperativismo agrícola.

Já o Ministro de Emprego e Assuntos Sociais aproveitou o seu discurso para parabenizar a FAO pela organização deste evento, o qual “permitiu criar um espaço livre de reflexão sobre a história de desenvolvimento económico no país”. ‘Apesar do fracasso das teorias de desenvolvimento económico em São Tomé e Príncipe, através de associações e cooperativas é possível resolvermos os problemas locais e atingir o desenvolvimento sustentável’, explicou Emílio Lima.

Na função de moderador do debate, o representante nacional da ONG ALISEI, Ruggero Tozzo, falou sobre a evolução histórica do movimento cooperativista em São Tomé e Príncipe, dando exemplos baseados na sua experiência pessoal em Itália, seu país natal. Concretizando, afirmou que “o movimento cooperativo representa a cara humana da globalização”, uma reflexão que mereceu clara atenção da audiência.

Também presente no evento esteve o bispo da diocese de São Tomé e Príncipe, Manuel António. O bispo falou de alguns preceitos bíblicos que fundamentam a importância do cooperativismo entre os povos e também do compromisso assumidos pela Caritas na conferência internacional sob lema “Alimentação para todos”, em parceria com a FAO.

Sendo as lacunas na legislação nacional sobre as cooperativas uma das questões mais mencionadas no último debate, para esta edição a FAO convidou a jurista Mariam Fawole, que elucidou os presentes sobre as lacunas que existem na actual lei do cooperativismo quando comparado com as leis vigentes nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

No decorrer do debate surgiram várias indicações e recomendações que irão originar um relatório base para acções e intervenção de terreno com cooperativas. Para além das deficiências na legislação, a mudança de consciência sobre questões como o cooperativismo, trabalho em equipa e empreendedorismo foram as principais preocupações expostas. Contudo, foi unânime que, apesar do ambiente pouco propício à replicação de casos de sucessos, estes últimos existem e não devem ser esquecidos.