FAO em São Tomé e Príncipe

Técnicas inovadoras de comercialização de peixe aprendidas na Guiné Equatorial, Cabo Verde e Senegal são partilhadas com palayês são-tomenses

Desembarque do pescado na Ponte de São Tomé © FAO/ Denilson Costa

04/09/2018

04 de Setembro de 2018, São Tomé – Foi realizado hoje, na sala de reuniões da Biblioteca Nacional, o atelier de restituição das visitas de estudo à Guiné Equatorial, Senegal e Cabo Verde no âmbito do projecto de “Melhoria à comercialização de produtos haliêuticos nos mercados de São Tomé e Príncipe”. Este projeto é financiado e executado pela FAO em parceria com a Direção Geral das Pescas, a ONG MARAPA e associações de palayês (vendedoras de peixe). Este atelier reuniu um número massivo de vendedoras de pescado, que nele participaram ativamente, e o que conferiu ao atelier o sucesso desejado na partilha de boas práticas e lições aprendidas nestes três países com quem não esteve presente nas missões.

Com um consumo médio de peixe de mais de 40 kg por ano per capita, o pescado representa cerca de 85% das necessidades de proteína animal da dieta são-tomense. O sector pesqueiro desempenha, portanto, um papel fundamental na segurança alimentar e nutricional da população e caso não sejam ultrapassados os problemas inerentes a este sector, o seu bem-estar é colocado em causa. Estes problemas foram identificados pelo projecto como sendo: deficiências na regulamentação das pescas (sobretudo em termos de fiscalização), inadequação de métodos de processamento, e fraco cumprimento das condições higio-sanitárias de comercialização de peixe nos mercados. Foi em busca de soluções que se realizaram as missões à Guiné Equatorial, Cabo Verde e Senegal. Nelas participaram técnicos da FAO, da Direção das Pescas, do projecto PRIASA II e perto de uma dezena de palayês, uma actividade financiada pela FAO em conjunto com o Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD).

No decorrer das missões, o grupo teve a oportunidade de aprender com as experiências dos três países visitados como melhor comercializar as três fileiras de peixe mais consumidas em São Tomé e Príncipe: peixe fresco, peixe salgado e peixe fumado.

De volta a São Tomé, os participantes partilharam o que viram, ouviram e aprenderam com o intuito de replicar o conhecimento adquirido e contribuir para uma melhor comercialização do pescado no mercado nacional. Segundo Liudmyla Neto, palayê que integrou a missão, “esta visita foi bastante satisfatória, uma vez que estamos numa fase de preparação da transição para o mercado novo que está sendo construído em Bobo–Forro. Gostaríamos que todas as palaiês de São Tomé e Príncipe cumprissem as normas e procedimentos higio–sanitários que vimos. E, quero agradecer ao governo, à FAO, ao BAD/PRIASA II, Direção das Pescas e à ONG MARAPA por nos proporcionar esta oportunidade, a qual enriqueceu bastante o nosso conhecimento sobre como manusear, tratar, conservar e comercializar o pescado”. Na sua apresentação que recolheu o entusiasmo das colegas de profissão, a mesma chegou a concluir que “Peixe bem tratado proporciona mais saúde, mais dinheiro e maior segurança alimentar”.

Para além do envolvimento das palayês na actividade, que através do seu dialecto iam trocando palavras de incentivo mútuo com vista a uma mudança de mentalidade da classe profissional, apontamos também como um sucesso a intervenção do Diretor das Pescas, João Pessoa, que se mostrou pleno conhecedor do sector pesqueiro e fez questão de relembrar o impacto que a continuidade das más práticas de comercialização de pescado poderão ter no desenvolvimento do turismo no país. “O governo está preocupado pela forma como o pescado é tratado desde a praia até o mercado. O país está a crescer, temos recebidos muitos turistas e existe toda uma necessidade de nós tratarmos melhor o nosso pescado, garantindo desta forma que este não constitua fonte de contaminação, tanto os consumidores locais como para os estrangeiros que têm apreciado de sobremaneira o nosso peixe”, palavras de João Pessoa, na abertura do atelier em análise.