FAO em São Tomé e Príncipe

Um Dia Mundial da Alimentação diferente em São Tomé e Príncipe

Comemoração do 16 de Outubro na Praça da Independência FAO © /Denilson Costa

01/11/2018

01 de Novembro de 2018, São Tomé – Todos os anos, no dia 16 de Outubro (data de fundação da FAO em 1945) é comemorado o Dia Mundial da Alimenatação. A celebração deste dia como tem objetivo sensibilizar a população mundial a favor dos cerca de 821 milhões pessoas que sofrem de fome no Mundo e cuja garantia de segurança alimentar e nutricional tem enfretado variados obstáculos. Conclamar a sociedade para realizar ações que possam auxiliar neste objetivo comum, como a redução do desperdício alimentar, a prática de uma agricultura mais sustentável e a adopção de uma vida mais saudável e sustentável constituem algumas das sugestões da FAO que levaram a Organização Ao lançamento da campanha do Dia Mundial da Alimentação 2018, orientada sob o lema “as nossas ações são nosso futuro. Um mundo #fomezero em 2030 é possível”.

Para fazer diferente e permitir que as informações chegassem a um maior número de pessoas, a FAO, em conjunto com o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Consórcio Alisei/Quá-tela, organizou na Praça da Independência de São Tomé a Feira Gastronómica e dos produtos transformados, que culminou com a tertúlia subordinada ao tema “Dia Mundial da Alimentação – Que desafios para São Tomé e Príncipe?”. Teodorico de Campos, Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, que presidiu a cerimónia de abertura do evento, enalteceu a iniciativa da FAO reafirmando a importância da parceria entre o Ministério que tutela e a Organização - “a FAO tem sido um parceiro incontornável do governo na luta pela erradicação da fome e da malnutrição no país. A ideia de organizar esta feira gastronómica neste espaço é uma oportunidade ímpar para que todos nós, em conjunto, possamos reflectir sobre a problemática da segurança alimentar e nutricional.

Para além da presença da Coordenadora Residente do Sistema das Nações Unidas, Zahira Virani, a actividade aglomerou na Praça da Independência centenas de curiosos que celebraram em conjunto o Dia Mundial da Alimentação de 2018 em São Tomé. A ocasião serviu para elucidar os presentes sobre o papel da FAO no país e proporcionar uma oportunidade de aproximação aos produtos locais transformados e altamente nutritivos. Através de demonstrações gastronómicas pop-up e de um almoço organizado pela Alisei-Quá Tela, os participantes foram informados sobre a importância da inclusão de produtos locais nas suas dietas alimentares, o que ainda é pouco frequente em São Tomé e Príncipe.

Num momento reservado a várias tertúlias sobre o Desafio Fome Zero, o Director de Estudos e Planeamento doMinistério da Agricultura e Desenvolvimento Rural e orador, Nilton Garrido, falou sobre as “Políticas públicas no âmbito da segurança alimentar e nutricional”, com enfoque no Projecto de Horticultura Urbana e Periurbana (HUP) que revolucionou a vida dos beneficiários, que até hoje clamam por uma segunda fase do projecto. Por seu turno, o coordenador do Programa de Alimentação e Saúde Escolar (PNASE), Edson Moniz, discursou sobre os “Desafios e estratégias do PNASE“ declarando que a sustentabilidade financeira do programa é uma das metas a alcançar com urgência.

É necessário realçar que o progresso coletivo alcançado por vários países na erradicação da fome a nível mundial, sofreu recentemente um retrocesso em consequência dos conflitos prolongados, dos fenómenos meteorológicos relacionados com as mudanças climáticas e da recessão económica. Hoje, 821 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de subnutrição crónica, aponta o relatório “O Estado da segurança alimentar e a nutrição no mundo em 2018” (SOFI).

Simultaneamente, os níveis de obesidade têm vindo a aumentar a níveis alarmantes e muitos países experienciam a carga dupla de fome e obesidade. Dados do mesmo relatório mostram que 1,9 biliões de pessoas têm sobrepeso, das quais 672 milhões são obesas. Considerando as tendências mundiais, é urgente tomar ações que as possam reverter e este papel cabe a todos nós. Por mais simples que sejam, todas as ações contam. Este é também um dos motes para o Dia Mundial da Alimentação de 2018.

 Também os governos estão numa posição essencial para a resolução do problema. É necessário que estes formulem políticas direccionadas para este fim.Parte da soução está também na agricultura. Como afirmou o presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Gilbert Houngbo, sobre os desafios da agricultura em África:“Para que a agricultura africana alcance seu potencial, ela precisa de investimento. Não apenas numa produtividade ou rentabilidade mais altas, mas em infraestrutura, em pesquisa e em políticas que resultem em cadeias de valor que sejam inclusivas para agricultores familiares. Em particular, para as mulheres e jovens. Precisamos de vontade política e de compromissos orçamentários e, o mais importante, precisamos transformar desafios em oportunidades para as mulheres e a juventude rural”.