FAO em São Tomé e Príncipe

Produção de spirulina em São Tomé – uma possibilidade promissora para o estado nutricional dos são-tomenses

Aïssa Mamadoultaïbou, responsável pela Nutrição na FAO/SFC e o Ministro da Saúde, Edgar Neves © FAO/ Denilson Costa

24/01/2019

24 de janeiro de 2019, São Tomé – Hoje, o Assistente ao Representante da FAO em São Tomé e Príncipe, Argentino dos Santos, e a delegação de especialistas em Nutrição vinda do Escritório da FAO na África Central, foram recebidos em audiência pelo Ministro da Saúde, Edgar Neves. O encontro teve como objectivo abordar a problemática da malnutrição no país e propor sinergias em prol de uma melhor estado alimentar e nutricional da população.

A nutrição é um setores que mais merecem a atenção da FAO. Em 2014, por altura da Segunda Conferência Internacional de Nutrição (ICN2, em inglês), realizada entre os dias 19 e 22 de novembro, em Roma, a FAO promoveu em conjunto com a OMS o debate do tema  “Nutrição Melhor, Vida Melhor”. Como enfatizou José Graziano da Silva, director-geral da FAO, “[e]sta Conferência sinaliza o começo de nosso renovado esforço e será reconhecida por ter trazido a nutrição para a esfera pública, convertendo-a em questão pública, e não privada”. A própria Declaração de Roma sobre Nutrição assinada na referida conferência reconheceu que a pobreza, o subdesenvolvimento e o baixo nível económico são fatores preponderantes para os problemas relacionados com a desnutrição, a carência de micronutrientes, o sobrepeso, a obesidade e demais problemas relacionados com a má nutrição. A influência destes factores no estado nutricional, saúde e bem-estar da população é inegável. Por isso, a problemática da desnutrição nutrição merece uma resposta pública. Inclusive, o Quadro de Ação da Declaração de Roma estabeleceu recomendações para políticas e programas destinados a enfrentar as questões da nutrição em múltiplos sectores.

Em São Tomé e Príncipe, o compromisso do governo para com a problemática da desnutrição é clara e pode ser corroborada pela criação do Programa Nacional de Nutrição (PNN), sob tutela do Ministério da Saúde, pela adopção da Política Nacional Nutricional e Alimentar (PNNA) e criação do Programa Nacional de Alimentação e Saúde Escolar (PNASE). De facto, a atenção dada à nutrição é facilmente justificada quando se analisam os dados relativos ao estado alimentar e nutricional da população, e sobretudo das crianças. Cite-se, como exemplo, que a anemia (Hg <10,9 g / dl) afecta mais de 91% das crianças com menos de 5 anos.

Como parte da resposta a esta problemática, a FAO e o Ministério da Saúde discutiram a possibilidade de apostar na produção da spirulina com vista a que esta alga possa integrar as dietas dos são-tomenses. A spirulina, designada em 1974 pela ONU como o “alimento do futuro”, é um alimento alternativo que pode contribuir para a redução da desnutrição de milhões de pessoas. Trata-se de uma cianobactéria verde-azulada, do grupo das cianofitas e possui uma concentração de proteínas (65%), ferro, betacaroteno e vitaminas (B12, B, E, K) de fácil assimilação pelo organismo humano e com propriedades anticancerígenas.  

A possibilidade da produção pioneira de spirulina em São Tomé e Príncipe foi abordada e esforços serão feitos pela FAO para corresponder a este apelo específico vindo do Ministério da Agricultura, mas que contará também com o papel preponderante do Ministério da Saúde para avançar para a forma de um projecto de assistência técnica executado pela FAO.