FAO em São Tomé e Príncipe

Preço do tomate dispara no mercado e precoupa agricultores, comerciantes e consumidores

Tomate comercializado a 50 dobras por quilo no mercado nacional © FAO/Denilson Costa

08/07/2019

08 de Julho de 2019, São Tomé – De visita ao mercado nacional é impossível não reparar na subida assinálavel do preço do tomate, um dos alimentos com maior presença na confeção das refeições dos são-tomenses. Em pleno período de gravana (período do ano entre Junho e Agosto), e pelo segundo mês consecutivo, o custo médio do quilo de tomate subiu de 20 para 50 dobras (moeda local). Segundo os horticultores, os preços poderão atingir novos patamares em agosto, uma preocupação já manifestada pelos consumidores, comerciantes e pelos próprios agricultores.

A gravana é a época do ano considerada como a mais seca devido à menor pluviosidade, e consequente, reduzida humidade atmosférica. Ao contrário dos restantes meses do ano em que as chuvas são constantes, a gravana é a altura mais propícia à cultura das hortaliças. A maior disponibilidade e preço reduzido destes alimentos no mercado nacional são também característicos desta época.

Todavia, já desde 2018 que este panorama tem mostrado tendências de reversão interpretadas pelos horticultores como reflexo das alterações climáticas. De facto, o atraso da entrada da estação seca levou os horticultores a esperarem pelo término das chuvas e a “lançarem as sementes à terra” com atraso.

Uma outra razão que se encontra na base da reduzida produção de tomate é a instalação da praga denominada por “tuta absoluta” que tem dizimado os cultivos. Em Canavial e São Bernardo, regiões do distrito de Lobata com reconhecido potencial de produção hortícola, a equipa de Comunicação e Informação da FAO/STP verificou a existência de campos agrícolas por trabalhar, plantações de tomate devastadas pela praga e escutou o depoimento de alguns horticultores cujos campos foram afetados pelo inseto. 

Adilson Castro, horticultor, partilhou a sua preocupação : “Quando chove demais, ou o agricultor não consegue colher os produtos a tempo, ou tem de os retirar da terra antes da época. Há casos em que nem consegue colher. Isso provoca a baixa oferta do produto e, consequentemente, o aumento do preço. A mesma coisa acontece agora  com o ataque da praga, pois no campo em que eu previa tirar 2 toneladas de tomate, só tirei 374 quilos, e com algumas perdas pos-colheita”.

O horticultor mencionou ainda uma terceira causa para a baixa de produção – a redução das áreas de cultivo após os impactos da gravana de 2018. Como o mesmo afirma "Não foi apenas a chuva ou a tuta que prejudicou a produção. Na nossa região, embora eu não tenha dados precisos, é facto que a área de plantio dessa cultura reduziu muito, prejudicando a oferta do produto no mercado. Os preços pouco atrativos em 2018 fizeram com que os produtores diminuíssem a área plantada, o que significou também menos tomate entrando no mercado", acrescentou Adilson.

Para mitigar estes impactos, novas técnicas agrícolas resilientes ao clima serão difundidas pelos novo projeto de horticultura da FAO. Por seu turno, os serviços públicos da Agricultura e o Centro de Investigação Agro-tecnológica (CIAT) encontram-se empenhados em travar a praga que ataca a cultura do tomate ao longo de todo o processo de crescimento, floração e fortificação e impedir que se alastre às restantes culturas instaladas.