FAO em São Tomé e Príncipe

FAO apoia controle sustentável da raiva humana transmitida por cães em São Tomé e Príncipe

Cães vadios na cidade de São Tomé © FAO / Ody Mpouo

09/03/2020

09 de março de 2020, São Tomé – A raiva é uma doença viral, inoculável, geralmente transmitida por mordidas, e mais raramente por arranhaduras ou por lambedura de uma ferida ou mucosa.

É uma zoonose que mata cerca de 59.000 pessoas (OMS) e centenas de milhares de animais por ano. A maior parte da carga é suportada por países de baixa e média renda, especialmente crianças, comunidades urbanas e rurais pobres, especialmente na África. Mais de 99% dos casos de raiva humana são transmitidos por cães. Na África Central, a raiva é reconhecida como uma doença endêmica com surtos epidêmicos na maioria dos países.

E por ser uma doença prioritária em todos os países da África Central, foi objeto de uma solicitação da Comissão Econômica para Pecuária de Carnes e Recursos Pesqueiros (CEBEVIRHA) endereçada ao escritório sub-regional da FAO em fevereiro de 2018.

No entanto, várias razões justificam a consideração da raiva como uma prioridade absoluta na sub-região;

- A raiva é sistematicamente fatal quando os sintomas são declarados em animais e em seres humanos, não obstante ela seja evitável graças a métodos de controle comprovados e facilmente adotados por alguns países.

- A persistência e disseminação da doença impactam negativamente as condições de vida das populações vulneráveis, especialmente crianças e mulheres nas áreas urbanas e rurais, o que contribui para o enfraquecimento do equilíbrio socioeconômico das comunidades em risco;

- O combate à raiva representa um modelo de coordenação multidisciplinar (epidemiologistas, clínicos, especialistas em laboratório, socioeconômicos, etc.) e multissetorial (saúde humana, saúde animal). A aplicação do modelo também beneficia a luta contra outras doenças zoonóticas (febre hemorrágica, gripe aviária, etc.) e outras ameaças, como a resistência antimicrobiana, que são as atuais preocupações globais de saúde. Essa experiência será benéfica para a sub-região da África Central, que é uma das áreas mais expostas ao risco de aparecimento ou disseminação de doenças emergentes, devido à presença cíclica da gripe aviária, varíola, doença do macaco e do vírus Ébola;

Muitos países ao redor do mundo, principalmente na Europa e na América, eliminaram a raiva aplicando métodos de controle que incluem a colaboração entre serviços veterinários, médicos e municípios. Portanto, é uma oportunidade para a África Central duplicar esse modelo para erradicar a raiva até 2030.

Em São Tomé e Príncipe (STP), a FAO/STP tem vindo a prestar apoio técnico e financeiro ao Governo neste domínio, no âmbito do projeto “Controle sustentável da raiva humana transmitida por cães em África central”.

Como explicou a Coordenadora Nacional do Projeto, Helda da Costa, os eixos que guiam essa iniciativa são: declarar o país livre da raiva, manter o estatuto de país livre da raiva, controlar a população canina, fazer parcerias entre os sectores da saúde humana, formação dos quadros técnicos, capacitação laboratorial, etc.

Uma cidade principal será escolhida para concentrar as atividades-piloto que servirão de exemplo na implementação de planos nacionais.

Este é um projeto que contribuirá para federar todas as ações em andamento na sub-região para alcançar o objetivo de eliminação da raiva até 2030.