FAO em São Tomé e Príncipe

A diminuição das florestas globais destaca a urgência de proteger sua biodiversidade

© FAO/Ody Mpouo

22/05/2020

Combinar esforços de conservação e uso sustentável para proteger plantas, animais e meios de subsistência.

22 de maio de 2020, São Tomé – De acordo com a última edição do relatório Estado das Florestas Mundiais, publicado esta semana, há uma necessidade urgente de agir para salvaguardar a biodiversidade das florestas do mundo diante de altos níveis de desmatamento e degradação.

Publicado por ocasião do Dia Internacional da Diversidade Biológica (22 de maio), o relatório mostra que a conservação da biodiversidade global depende de como interagimos com as florestas mundiais e como as usamos.

O relatório foi produzido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura  (FAO) pela primeira vez em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUE) e com a contribuição técnica do Centro Mundial de Monitoramento Contínuo da Conservação da Natureza do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUE-WCMC).

O documento sublinha que, desde 1990, quase 420 milhões de hectares de floresta foram perdidas como resultado de sua conversão para outros fins. No entanto, deve-se notar que a taxa de desflorestação diminuiu nas últimas três décadas.

A crise da Covid-19 destacou a importância de conservar e usar a natureza de maneira sustentável, reconhecendo que a saúde das populações está intrinsecamente ligada à saúde dos ecossistemas.

É essencial proteger as florestas porque elas abrigam a maior parte da biodiversidade terrestre. Este relatório mostra que as florestas contêm 60.000 espécies de árvores diferentes, 80% das espécies de anfíbios, 75% das espécies de aves e 68% das espécies de mamíferos.

A edição 2020 das avaliações globais dos recursos florestais da FAO revela que, apesar da desaceleração da desflorestação na última década, quase 10 milhões de hectares são perdidos a cada ano devido à sua conversão para fins agrícolas ou outros.

A desflorestação e a degradação florestal continuam em ritmo alarmante, o que está contribuindo significativamente para a perda de biodiversidade, disse QU Dongyu, Diretor Geral da FAO e Inger Andersen, Diretor Executivo do PNUE, no prefácio do relatório.

O relatório apresenta uma visão geral da biodiversidade florestal, com mapas mundiais específicos, indicando a presença da fauna e flora em determinadas florestas, como no norte dos Andes e em certas zonas da Bacia do Congo, sem esquecer de indicar as zonas que registraram perda florestal.

Conservação e uso sustentável

Este relatório também se refere a um estudo especial do Centro de Pesquisa Conjunta da Comissão Europeia e do Serviço Florestal dos Estados Unidos, que descobriu 34,8 milhões de áreas de floresta em todo o mundo, variando de 1 a 680 milhões de hectares. Os esforços mais importantes, visam a reconectar os fragmentos florestais entre de maneira urgente.

Enquanto a FAO e o PNUE se preparam para supervisionar a Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas em 2021 e que vários países estão trabalhando para estabelecer uma estrutura global para a biodiversidade no futuro, o Sr. QU e Srª. Andersen reiteraram igualmente os seus compromissos de melhorar a cooperação global com o objetivo de restaurar ecossistemas degradados e danificados, combater as mudanças climáticas e proteger a biodiversidade.

"Para ser um divisor de águas no desmatamento e na perda de biodiversidade, precisamos de uma mudança profunda na maneira como produzimos e consumimos os alimentos", disseram o Sr.QU e a Srª. Andersen. Nós devemos igulamente, conservar e gerenciar as florestas e as  árvores adoptando uma abordagem integrada a escala da paisagem com uma abordagem integrada da paisagem, e precisamos reparar os danos causados, colocando em prática mais iniciativas que visem a restauração das florestas", afirmaram.

O relatório destaca que o Objetivo de Biodiversidade de Aichi, visa proteger pelo menos 17% das áreas terrestres até 2020, foi alcançado para as florestas, embora sejam necessários mais progressos para garantir representatividade e a eficácia dessa proteção.

Um estudo realizado pelo PNUE-WCMC para este relatório mostra que o maior aumento de áreas florestais protegidas foi registrado em florestas perenes de folhas largas - como as encontradas nos trópicos. Além disso, mais de 30% do conjunto das florestas tropicais e subtropicais secas do tipo oceânicas temperadas, estão agora em áreas protegidas.

Empregos e meios de subsistência

Milhões de pessoas em todo o mundo dependem das florestas para sua segurança alimentar e meios de subsistência.

As florestas fornecem mais de 86 milhões de empregos ecológicos. Entre as pessoas que vivem em situação de extrema pobreza, mais de 90% dependem de florestas para produtos silvestres, lenha ou parte de seus meios de subsistência. Este número inclui oito milhões de pessoas em extrema pobreza e dependentes de florestas na América Latina.

 

 Versão portuguesa da notícia original presente no seguinte link: http://www.fao.org/africa/news/detail-news/fr/c/1277122/