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Capítulo 9 Produção de materiais de apoio para a comunicação

9.1. Necessidade de uma equipe interdisciplinar

Geralmente o desenvolvimento de materiais de comunicação requer a colaboração de pessoas que não estão acostumadas a trabalhar em conjunto. Cada pessoa envolvida na tarefa deve reconhecer os limites do campo de sua competência e estar disposta a considerar os pontos de vista dos demais.

Durante muito tempo cometeu-se o erro de encarregar as mesmas pessoas pelo desenvolvimento das mensagens e também pelos materiais de apoio. Infelizmente, existem poucos nutricionistas que também são artistas gráficos criativos. Pode-se também cometer o erro de confiar demasiadamente no desenhista gráfico ou audiovisual. O pessoal profissional e técnico que participa nesta fase deve aceitar a necessidade de um esforço coletivo, no qual a contribuição de cada pessoa está sujeita à critica construtiva, que beneficia a todos e assegura o sucesso do material.

Por tudo isso, é importante definir claramente a função de cada membro da equipe.

9.2. Prova prévia dos materiais

Os procedimentos para provar os materiais e as mensagens são similares. É de fundamental importância provar as mensagens antes de publicá-las nos materiais de apoio. É igualmente importante provar previamente os materiais de apoio antes de sua produção em larga escala.

Como foi descrito no Capitulo 7, a prova prévia dos materiais deve-se centrar também nas cinco caracteristicas de atenção, compreensão, pertinência, credibilidade e aceitabilidade. Os resultados deste ensaio prévio dos materiais podem ocasionar uma redefinição da mensagem.

A metodologia para a prova prévia das mensagens e materiais de apoio é similar à usada para a coleta dos dados na fase de diagnóstico. As técnicas de grupo focal (Ficha Técnica No 4) e as entrevistas em profundidade (Ficha Técnica No 3) são muito úteis para essa finalidade.

As entrevistas em um local de concentração de pessoas (Ficha Técnica No 2) podem também ser úteis para a prova prévia. Os pesquisadores podem ir a um lugar freqüentado pelo público alvo e perguntar o que necessita saber sobre os materiais que estão experimentando.

Os questionários auto-administrados e as provas de legibilidade são outros métodos que se usam freqüentemente na prova prévia de materiais. Estes métodos serão detalhados nas Fichas Técnicas descritas a seguir.

Ficha técnica No 11
O questionário auto-administrado

De que se trata?
Quando se experimenta um novo material de apoio de comunicação, não se deve ter nenhuma dúvida em pedir opinião de colegas dos quais se reconhece uma adequada formação e qualidade de julgamento. Uma forma de sistematizar este procedimento é recorrer à opinião de pessoas autorizadas, enviando um questionário padronizado, com perguntas abertas e fechadas. Serão contatados especialistas na área de nutrição (se o objectivo é a avaliação do conteúdo da mensagem), ou de comunicação (se o objetivo é provar a forma da mensagem e a qualidade do apoio).
Diz-se que o questionário é auto-administrado porque o próprio entrevistado preenche-o, sem a presença de um “pesquisador”.
Considerando seus níveis de formação, estas pessoas deverão ser perfeitamente capazes de auto-administrar o questionário e de enviá-lo ao endereço indicado dentro do tempo previsto. A proporção de não respostas é muito variável. Dependerá em grande parte da disponibilidade e interesse pelo tema por parte dos interlocutores.
Como fazê-lo?

Primeira etapa:rascunhar um questionário com os colaboradores, definindo também o tipo de resultado esperado.
Segunda etapa:elaborar um questionário no qual a maior parte das perguntas devem ser de múltipla escolha (perguntas fechadas), para facilitar as respostas e seu tratamento.
Terceira etapa:experimentar o questionário com algumas pessoas que tenham o mesmo perfil que as que o receberão.
Quarta etapa:constituir a amostra de pessoas que serão convidadas a dar sua opinião sobre o material enviado.
Quinta etapa:enviar o questionário (acompanhado de um exemplar adicional) e fixar uma data limite para a sua devolução.
Sexta etapa:analisar os resultados obtidos com este método.
Sétima etapa:tirar as conclusões e revisar o material de apoio objeto do estudo, considerando as sugestões.

Ficha técnica No 12
Estilo e linguagem dos textos

Os textos escritos devem ser legiveis e compreensíveis para um vasto público. Devese considerar o nível de educação do público alvo e esforçar-se em redigir os textos da forma mais clara e concreta possível. As seguintes normas ajudarão a escrever ou a reescrever materiais para adultos com baixo nivel de alfabetização.
Palavras:
  1. Escreva com simplicidade, usando palavras familiares, de uso habitual.
  2. Escreva em estilo pessoal, usando “você” em lugar de “eles”.
  3. Use palavras de duas síimprescindivellabas sempre que possivel.
  4. Use verbos ativos.
Frases e orações:
  1. Use frases de estrutura simples, quando possivel.
  2. Evite as frases complexas. Não corte as orações a menos que uma palavra conectiva (por exemplo: “porque”) mostre claramente a relação entre as partes.
  3. Varie o comprimento da frase, mas evite aquelas com mais de 15 palavras.
Parágrafos:
  1. Varie o comprimento dos parágrafos e evite os de mais de 5 frases.
Estilo:
  1. Escreva usando a voz ativa em lugar da passiva.
  2. Use gráficos que estejam vinculados logicamente ao texto.
  3. Use letras minúsculas, em vez de todas maiúsculas.
  4. Use papel branco e tinta escura (azul, preta).
  5. Equilibre o uso dos textos com espaços em branco.
Idéias:
  1. Evite dar um excesso de informação.
  2. Dê exemplos concretos de idéias abstratas.
  3. Adapte o conteúdo às experiências pessoais do leitor.
Fonte: Institute for the Study of Adult Literacy, College of Education, The Pennsylvania State University, 1991.

É imprescindível enfatizar a necessidade de provar rigorosamente todos os materiais de apoio, com uma amostra da população-alvo e com pessoas especializadas da equipe responsável pelo programa. É comum realizar provas prévias à produção de textos escolares e mesmo antes de produzir os comerciais, mas freqüentemente descuida-se disto quando se faz campanhas com a população.

9.3. Produção em larga escala

Somente quando o original do modelo definitivo do material de apoio está pronto, começa a produção em larga escala (cartazes, folhetos, camisetas, vinhetas de televisão, bandeirinhas, são todos exemplos de produção em larga escala).

A seleção da unidade de produção depende da disponibilidade de recursos do pais, região ou localidade envolvida. Algumas vezes, é possivel selecionar uma empresa privada, enquanto que, em outros casos, o trabalho é entregue à unidade de produção de um ministério ou outra instituição estatal.

Num estudo de custos da produção de materiais, o seguinte roteiro poderia ser útil:


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