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FICHA DE INFORMAÇÃO 10: LUTA CONTRA ERVAS DANINHAS E PRAGAS


As ervas daninhas, os insectos nocivos e os animais destruidores reduzem a produção de uma horta e desencorajam o seu horticultor. Uma protecção eficaz das culturas necessita de uma correcta compreensão dos diferentes tipos de pragas e de doenças que atacam as culturas, assim como um conhecimento dos diferentes meios e métodos que permitem eliminá-las. Muitas vezes, o problema desaparece se as plantas seleccionadas se adaptarem à sua localização e se o solo e a água forem bem geridos.

A doença de uma planta é uma situação anormal causada por microorganismos, geralmente demasiado pequenos para serem visíveis a olho nu e que são chamados bactérias, fungos, vírus e nemátodos, estes últimos são vermes minúsculos que atacam as raízes. Outros prejuízos são também causados por pragas, tais como os insectos, os ácaros e os vermes. Certas doenças das plantas propagam-se facilmente. Por exemplo, a mosca branca transmite o vírus do mosaico, que se propaga das plantas de mandioca doentes para as plantas saudáveis.

Certas plantas parasitas, como a striga ou pequeno feiticeiro e a Orobanca/erva-toira, são consideradas como nocivas porque causam grandes perdas na colheita.

AS ERVAS DANINHAS

Em muitas hortas, as ervas daninhas representam um grande problema para as plantas alimentares. Estas ervas disputam com as culturas alimentares os elementos nutritivos, a água, os raios solares e o espaço. As culturas invadidas por ervas daninhas crescem mal e por vezes morrem. Quando são muito densas, as ervas daninhas podem abrigar serpentes, ratos ou pragas. O problema ganha ainda mais importancia nas hortas onde não há árvores adultas. Se as ervas daninhas não forem bem controladas desde o início, podem necessitar de mão-de-obra que poderia ter sido melhor utilizada no cultivo de plantas úteis.

A erva representa por vezes também um sério problema pelo facto de poder invadir rapidamente uma horta. Pode, por outro lado, servir igualmente para proteger a horta da erosão do solo e produzir material de protecção com folhagem seca, para produzir composto ou ainda para fornecer colmo para os telhados.

FIGURA 1
As plantas rastejantes que crescem rapidamente ajudam a reduzir o crescimento das ervas daninhas

FIGURA 2
As culturas em diferentes níveis impedem as ervas daninhas de receber sol suficiente

Como lutar contra as ervas daninhas

O melhor meio de lutar contra as ervas daninhas é privá-las de luz solar e de espaço. As três técnicas mencionadas a seguir ensinam o modo de o fazer:

Para lutar de forma mais duradoura contra as ervas daninhas, é necessário cultivar plantas que cubram o solo permanentemente. O sistema das culturas em diferentes níveis, no qual plantas de diferentes tamanhos crescem em conjunto, constitui o meio mais eficaz.

PRAGAS E DOENÇAS

Os estragos causados por pragas e doenças são por vezes sazonais, e é durante a estação das chuvas que eles são mais graves. Para saber quando e onde as pragas são susceptíveis de colocar problemas é importante estudar os seus hábitos e o seu ciclo de vida. Um bom horticultor deve ter tanto conhecimentos sobre os inimigos das culturas como sobre as próprias culturas.

Os insectos nocivos. Podemos vê-los muitas vezes sobre as plantas, sobre solo ou mesmo no seu interior. Na maior parte das vezes estragam as plantas ao comerem as folhas, as raízes, os rebentos e os frutos, ou sugando a seiva das folhas, dos caules e dos frutos. Porém, nem todos os insectos são nocivos. As abelhas facilitam a polinização das flores. Outros insectos, predadores, alimentam-se dos insectos nocivos, reduzindo assim o seu número.

Os fungos. Os fungos atacam todas as partes da planta. Os sintomas de uma doença fúngica são o aparecimento de uma espécie de pó na parte superior ou na parte inferior das folhas, manchas nas folhas, nos frutos e nos caules e o definhamento da planta quando as raízes são afectadas. Os fungos podem ser disseminados pela chuva ou o vento, ou podem ser transmitidos pelos utensílios de horticultura das plantas doentes para as plantas saudáveis.

As bactérias e os vírus. Raramente os podemos observar a olho nu. As bactérias e os vírus podem causar o apodrecimento das raízes, deformações e aparecimento de gotas de exsudação nas folhas e nos caules ou ainda uma mudança de cor das folhas e dos caules. Certos sintomas são semelhantes àqueles que são provocados pelos fungos. As bactérias e os vírus propagam-se através da água e do solo, bem como através de material de plantação contaminado. Contrariamente ao apodrecimento causado pelos fungos, o apodrecimento devido às bactérias é geralmente caracterizado por mau cheiro.

Os nemátodes são pragas nocivas provenientes do solo, que atacam as raízes da planta, causando assim um crescimento anormal das raízes e um retardamento do crescimento de toda a planta. As plantas afectadas apresentam geralmente nós e erupções nas raízes.

Como prevenir e fazer a gestão dos problemas de pragas e doenças

As plantas menos resistentes sofrem mais com os ataques dos insectos e doenças do que as plantas saudáveis. Uma boa gestão das culturas, que tenha em conta as questões da água, do solo e das ervas daninhas, permite reduzir os prejuízos causados pelos insectos e pelas doenças. Para impedir o aparecimento de pragas e de doenças nas hortas, ou para as eliminar, os horticultores devem seguir os conselhos que se seguem.

Escolher as culturas em função da estação do ano e da sua localização. Se uma cultura alimentar tem necessidade de sol e deve ser plantada no princípio da estação seca, o horticultor deverá proceder de modo a que ela seja plantada nessas condições. Uma planta cultivada durante a estação errada ou no lugar inadequado será mais vulnerável.

Seleccionar plantas bem adaptadas ao clima da região. As plantas provenientes de outras regiões podem não crescer bem num clima que lhes seja estranho. Por exemplo, a mangueira tem uma boa produção em regiões quentes e de baixa altitude, onde a estação seca coincide com a floração e a frutificação, mas se ela for cultivada numa região que é húmida durante todo o ano, os insectos e as doenças estragarão as suas flores e a colheita de frutos será escassa.

Fazer regularmente a rotação das culturas. É necessário fazer a rotação dos legumes plantando-os a alguns metros da sua localização anterior, e plantar nessa última uma cultura diferente (por exemplo, plantar leguminosas no lugar onde existia anteriormente amaranto). Este método permite evitar que as doenças se desenvolvam no solo.

Retirar as folhas e outras partes doentes da planta. O facto de se reduzir a quantidade de matéria que pode servir de alimento aos insectos e aos germes da doença permite retardar a sua propagação.

Espalhar cinzas. A cinza de lenha espalhada na base das plantas jovens, e do mesmo modo, mas em pouca quantidade, sobre os novos rebentos, afasta os insectos e impede os fungos de se desenvolverem.

Cultivar plantas conhecidas pela sua capacidade de repelir certos insectos.Amalagueta, o chá-príncipe, o manjericão ou as maravilhas libertam um odor forte que repele certos insectos.

Utilizar soluções insecticidas de preparação caseira contra pragas. As soluções à base de sementes ou folhas de neem, de tabaco, de malagueta ou de água e sabão repelem os insectos roedores e de sucção.

Existem muitos pesticidas sintéticos que podem ser muito eficazes para lutar contra pragas e doenças. Contudo, o seu uso é pouco aconselhavel numa horta africana. Devido ao grande número de plantas cultivadas simultaneamente, os produtos químicos utilizados para lutar contra pragas de uma determinada planta podem facilmente prejudicar uma outra planta. A falta de dinheiro para comprar pesticidas e a falta de conhecimentos ou de experiência na sua utilização - muitos são nocivos para a saúde humana se forem mal aplicados - constituem boas razões para encorajar as boas práticas agrícolas, os métodos naturais de luta e a utilização de pesticidas naturais. Quando se utilizam os pesticidas químicos, é necessário aplicá-los de forma reflectida e com extrema prudência.

A Rubrica Tecnológica de Hortícultura 10, «Protecção segura e eficaz das culturas», fornece informações práticas sobre o modo de lutar contra pragas e doenças utilizando pesticidas naturais, bem como as directivas sobre a utilização segura dos pesticidas químicos em caso de necessidade.

ESTRAGOS CAUSADOS PELOS ANIMAIS

As galinhas andam frequentemente à solta nas hortas. Embora elas destruam certos insectos e fertilizem o solo com os seus dejectos, podem igualmente causar estragos quando, na sua procura de alimento, atacam e estragam seriamente as plantas. Outros animais domésticos, como os bovinos, as ovelhas, os porcos e as cabras, podem igualmente constituir uma ameaça para as hortas. As cabras e os porcos vagueiam algumas vezes à volta das aldeias e alimentam-se de numerosos tipos de plantas. Os estragos causados pelos animais desencorajam a tal ponto os horticultores, que eles chegam por vezes a abandonar a horticultura.

FIGURA 3
Galinha a debicar um rebento de bananeira

Quando os porcos selvagens não são caçados, escapam muitas vezes aos agricultores e atravessam as vedações que não são suficientemente seguras; contudo, as sebes vivas podem impedi-los de entrar. Os métodos bons de impedir os animais de entrarem na horta e de proteger as plantas são os seguintes:

FIGURA 4
Porco selvagem a comer mandioca

Informações complementares sobre a luta contra ervas daninhas e pragas serão dadas nos Rubricas Tecnológicas de Horticultura 9, "Plantas de cobertura", 11, "Sebes vivas" e 13, "Cultura em diferentes níveis".


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