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III. ESTADO ACTUAL DE LA INFORMACION SOBRE ANTECEDENTES SOCIOECONOMICOS (SEBASTIAO VALVERDE, CONSULTOR FAO)

Apresentação

Este estudo visa avaliar a situação geral das questões sócio-econômicas do setor florestal no Brasil.

O documento foi preparado tendo como demanda atender ao projeto de informações e análises para o manejo florestal sustentável, integrando esforços de 13 paises tropicais da América Latina para os estudos de perspectivas do setor florestal, no âmbito dos estudos de Perspectivas do Setor Florestal, no qual o Brasil foi escolhido como um dos 13 países da América Latina onde realizou-se tais avaliações.

O trabalho é uma síntese dos cenários avaliados no Diagnóstico do Setor Florestal Brasileiro e procura demonstrar a importância deste setor no socio-econômico do País estabelecendo uma relação comparativa do desempenho diante de alguns segmentos da economia.

No estudo síntese, foram incluídos considerações relevantes elaboradas a partir da tese de Pós-Graduação em Ciência Florestal, defendida em fevereiro de 2000, para obtenção do título de Doutorado, do Engº Sebastião Renato Valverde, que é professor em ciências florestais da Universidade de Federal de Viçosa/Minas Gerais – Brasil.

As projeção contidas no estudo estão baseadas, essencialmente, na perspectiva de mercado de trabalho e demanda de uma

Introdução

O território brasileiro tem aproximadamente 60% de sua área coberta por florestas tropicais. A maior parte destas florestas estão concentradas na região Norte, representadas pela floresta Amazônica. Uma grande parte permanece inexplorada. Esta floresta representa 26% das florestas tropicais do mundo e possui grande diversidade biológica.

A importância da dimensão e da diversidade biológica das florestas brasileiras estão espelhadas na Constituição Federal que estabeleceu o regime de Patrimônio Nacional as Florestas Amazônicas e Mata Atlântica e também para o Pantanal.

Em pesquisa de opinião realizada em 1996, pelo Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisas – IBOPE, 86% dos brasileiros se preocupam com o meio ambiente, sendo que 76% se preocupam com a proteção das florestas.

Neste aspecto, a importância e o reconhecimento da importância de todos as formações vegetais do País, destacam a Floresta Amazônica e Mata Atlântica, indistintamente pela sua importância presente com pela formas de uso e ocupação.

A Mata Atlântica, encontra-se reduzida a cerca de 7,3% de sua cobertura florestal original. É um dos ecossistemas florestais mais ameaçados do Planeta. É uma das prioridades nacionais, pois nessa região vive a maioria da população brasileira, onde vive e se trabalha para o desenvolvimento de 76% da economia do País. Apesar do seu elevado nível de degradação, ainda conserva uma parcela significativa da diversidade biológica brasileira e suas fontes de águas doce abastecem 70% população brasileira.

As florestas nativas são extensas e representam um grande potencial, particularmente, para o desenvolvimento sócio-econômico do País, através da incorporação do uso sustentável das florestas nativas da Região Amazônica, através de um manejo adequado. E, a valorização das áreas plantadas localizadas principalmente nas Regiões Sul e Sudeste.

A contribuição do setor florestal à economia brasileira é expressiva. Historicamente contribui com mais de 4,3% do Produto Interno Bruto do país, segundo Diagnóstico do Setor Florestal – 1997, com dados secundários e não desagregados de outros segmentos como agricultura e energia.

Atualmente, o Brasil é auto-suficiente em todos os produtos de base florestal e compete no mercado internacional com vantagem, principalmente no suprimento de celulose de fibra curta e madeira na forma de laminados e compensados. A produção brasileira de papel foi de 5.300 mil toneladas, em 1993, dos quais 4.171 toneladas foram consumidas no mercado interno. O consumo de madeiras para produção de carvão foi de 47 milhões de metros cúbicos, em 1997, representando 18% da energia primária consumida no Brasil.

A globalização dos mercados, as potencialidades de áreas nativas, a reconhecida competência no cultivo de florestas e a estabilidade econômica obtida pelo País nos últimos anos, determinou ao setor florestal um conjunto de oportunidades de novos investimentos de capitais externos e incorporou novas tecnologias na base florestal. A maioria desses investimentos teve como base o potencial das florestas plantadas.

Embora o cenário seja positivo no aspecto de capitais e investimentos, verifica-se que a médio e longo prazos poderão surgir dificuldades. Estudos recentes projetam um déficit de matéria-prima florestal, especialmente de florestas plantadas, refletindo em grande parte pressões sobre as florestas nativas.

O desequilíbrio entre o destacado e eficiente manejo das áreas plantadas contrasta com a exploração de “exploração seletiva” nas áreas nativas, principalmente na Amazônia. Assim, torna-se imprescindível a concepção e implantação de ações que abranja as políticas nacionais relativas às florestas no seu universo econômico, social e ambiental, e nos instrumentos definidos nas políticas públicas para o setor, cuja inserção no desenvolvimento nacional está contida na estratégia de desenvolvimento nacional e nos compromissos internacionais.

As ações que devam contemplar interfaces e sobretudo o interesse nacional de utilizar o potencial representado pelas florestas. Contribuirá com o desenvolvimento sócio-econômico do País, garantindo a sustentabilidade, a conservação e preservação de ecossistemas, a melhoria da gestão ambiental e outros aspectos relevantes para a qualidade de vida das populações. Espera-se, portanto, que o está contidos nas políticas de governo ofereça instrumentos que possam facilitar a captação de recursos, a geração de emprego e a melhoria da distribuição de renda.

O componente social de todas as políticas florestais, contem objetivos estratégicos que buscam a ampliação das áreas manejadas nas florestas nativas, reversão do quadro de conversão de áreas de vocação florestal para outros usos extinguindo as atuais formas de uso predatório, a recuperação de extensas áreas degradadas para proteger a biodiversidade e os solos e a ampliação das florestas plantadas, todos fortemente interligados com uma forte razão para a valorização do potencial econômico e social.

Evolução Histórica e Cenário Atual

No passado, a exemplo do que ocorreu em praticamente todas as partes do mundo, a exploração das florestas brasileiras foi de maneira não sustentável. Assim aconteceu com as florestas de Araucária do Sul, Mata Atlântica e outras formações, inclusive a Caatinga. O processo de uso do recurso, aliado à ocupação do território e consequente transformação do uso do solo para agricultura e pecuária, levaram a uma exaustão dessas florestas, a implantação de culturas agrícolas posteriormente substituídas por pastagens e chegando a conjunto de áreas degradadas. Em cada etapa, a perdas sociais marcaram a tragetória do êxodo rural.

Recentemente, a pressão sobre as florestas tem se concentrado nas regiões de Cerrado e Floresta Amazônica. Além da pressão pelo desenvolvimento, ocorreram falhas na concepção de mercado e nas ações governamentais, principalmente na alteração das condições de sobrevivência das populações tradicionais. Constatou-se, portanto, a necessidade do estabelecimento de novos critérios, consistentes com os objetivos do desenvolvimento sustentável, de forma a garantir a conservação e o manejo adequado dos recursos florestais e valorização do papel da floresta para a sociedade.

No Brasil a preocupação com as florestas do ponto de vista de suprimento de madeiras e da conservação e preservação dos recursos florestais, não é recente. Vários instrumentos e mecanismos foram desenvolvidos ao longo dos últimos 60 anos, como o Código Florestal de 1934, de 1965 e suas regulamentações.

A preocupação com a sustentabilidade das florestas, particularmente quanto ao suprimento de madeira para a indústria, levou o Brasil a implementar em meados da Década de 70 um programa nacional de incentivos ao reflorestamento. Tal programa tinha como objetivo fomentar o desenvolvimento da indústria de celulose/papel e siderurgia a carvão vegetal, contemplando o desenvolvimento científico e tecnológico, com a alocação de 1% dos investimentos e, ainda, estimulando os aspectos de preservação e conservação dos recursos naturais.

Os incentivos à implantação de florestas podem ser considerados como um modelo de sucesso de política para o desenvolvimento científico e tecnológico, geração de riquezas e também quanto aos aspectos de preservação e conservação do meio ambiente. Os maciços florestais oriundos de reflorestamento incentivados, produzem hoje madeira com condições de competir no mercado internacional, reduzem significativamente a pressão sobre as florestas nativas e incorporam extensas áreas que são importantes na manutenção de ecossistemas como reserva legal e outras áreas protegidas.

Num primeiro instante, os reflorestamentos produziram um superavit na oferta de madeira. Com o término dos incentivos fiscais em 1988, iniciou-se um descompasso entre a expansão do consumo, com taxas de crescimento anual acentuadas e a expansão de áreas plantadas com florestas. Uma das principais razões pela qual não ocorreu um aumento das florestas plantadas nos últimos 10 anos, foi exatamente a percepção do mercado da existência desse superavit de madeira.

A influência desta etapa de políticas de incentivos foi determinante para modificar o cenários e o perfil do trabalho na atividade florestal do País. Deixando de ser meramente um setor de empregos temporários de exploração de madeiras para constituir em empresas de serviços com um força de trabalho com tecnologia e conhecimento que valoriza a permanência, a ergonometria e a segurança no trabalho. Isto aconteceu, no setor de florestas plantadas, na industria e maior valor agregado, no entanto não alcançou os segmentos de florestas nativas.

Outra contribuição socio-economica, mais recente foi o processo de tercerização das atividades de campo no âmbito das industrias de base florestal.

Atualmente cerca de 110 milhões de m3 de madeira são produzidos a partir das florestas plantadas, contribuindo assim com 70% do suprimento de madeira para o setor industrial. Além disso, esses maciços florestais constituem-se na principal base de atração de novos investimentos para o setor, mudando consideravelmente o perfil da indústria brasileira de base florestal consequentemente a demanda por novos postos de trabalho.

Na região amazônica, o avanço do processo de ocupação das terras, acelerado a partir dos anos 70, resultou na conversão do uso do solo de extensas áreas. A indústria da madeira naquela época, concentrada no sul do País, atraída pela grande disponibilidade de matéria prima a baixo custo, foi conduzida a acompanhar tal processo.

A partir da década de 90, com a redução do processo de conversão do uso do solo na região e consequente diminuição da oferta de madeira dessa fonte, deu-se início a um novo processo, adotando como premissa a sustentabilidade do uso dos recursos florestais. Essas mudanças refletiram positivamente nas ações do Governo no tocante ao desenvolvimento sustentável e cumprimento dos compromissos assumidos a nível internacional.

Cenário das Mudanças

O Brasil vem colaborando com as decisões tomadas a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Rio - 92, bem como de outras convenções e acordos assinados ao longo dos anos, entre elas a convenção sobre o clima, a convenção sobre a biodiversidade, a convenção sobre espécies ameaçadas (CITES) e o acordo sobre madeiras tropicais (ITTA). Tem também participado das discussões no Fórum Intergovernamental sobre Floresta (IFF), sucessor do Painel Intergovernamental de Florestas (IPF). Entre estas políticas e estratégias a componente social determina uma equação fundamental, seja no balanço dos benefícios sociais do uso adequado das florestas seja na contabilidade para a populações tradicionais.

Neste contexto, o Brasil notocante as discussões sobre florestas no âmbito do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), vem tomando posição conjunta sobre os critérios e indicadores para manejo de florestas tropicais (Processo de Tarapoto).

Essas mudanças levam ao aprimoramento das práticas florestais, com crescente envolvimento e participação do setor privado e segmentos da sociedade organizada. Trata-se de avanços na tecnologia de processamento industrial com reflexos positivos para o Brasil no mercado internacional de madeiras tropicais.

Objetivando, ainda, promover o desenvolvimento sustentável das florestas tropicais foi implementado o Programa Nacional de Florestas, em setembro de 2000, que visa apoiar ações voltadas, a expansão da base florestal plantada, à identificação e implementação dos mecanismos de acesso e gestão dos recursos florestais, definir metodologias de inserção dos produtos florestais no mercado internacional, a valorização da conservação do uso sustentável para as populações tradicionais e apoiar o fortalecimento institucional.

Cenário Futuro

A última década foi marcada pela globalização da economia. A redução das distâncias promovida basicamente pelos avanços nas comunicações, os ganhos em logística, competitividade e a capacidade e necessidade das empresas de buscar de novos mercados. Foram determinantes nesse processo a competência técnica acumulada e o grau de eficiência da mão-de-obra.

O Brasil tem sido atuante no sentido de procurar adaptar sua economia ao processo de globalização, preservando os seus interesses. Dentro dessa estratégia tem liderado algumas iniciativas, como por exemplo, o estabelecimento de um mercado livre regional - MERCOSUL, hoje em processo avançado de consolidação.

A internacionalização da economia requer não só ações na política internacional. Em nível nacional é necessário introduzir mecanismos de controle social, como a certificação voluntária em processo de desenvolvimento entre o setor privado e entidade não governamentais. Para que se possa ganhar produtividade e eficiência, e assim, competir no mercado internacional. Este tem sido um dos principais objetivos do planejamento estratégico do setor florestal tanto privado como de governo.

As condições climáticas, a disponibilidade de terras entre outros fatores, favorecem o desenvolvimento do setor florestal no Brasil. Com o desenvolvimento tecnológico recente é possível obter rendimentos de aproximadamente 50 m3 de madeira por hectare/ano. A alta produtividade e ciclos curtos significa madeira a menor custo e maior competitividade em uma economia globalizada.

O setor florestal participa significativamente na economia nacional. Contribui com 4% do PIB e responde por aproximadamente 8% das exportações nacionais. Entre os produtos florestais brasileiros mais importantes no comércio internacional estão a chapa de fibras de madeira e a celulose de fibra curta. Para esses produtos o país é atualmente o maior exportador mundial. Outros produtos cotados no comércio internacional são a madeira compensada, a madeira serrada e o papel.

A extensão das florestas e as condições locais favoráveis, seriam suficientes para que o setor continuasse a ganhar participação no mercado nacional e internacional. Segundo estudos realizados pelo MMA, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Silvicultura - SBS e outras entidades, o volume de madeira disponível a partir das florestas plantadas encontra-se atualmente próximo do limite de sustentabilidade, e o reflexo a curto e médio prazos será uma gradual redução dos investimentos a nível setorial.

Existe, portanto, a necessidade urgente de expansão das florestas plantadas. Mesmo que as florestas sejam de rápido crescimento, os investimentos são de longo prazo. Considerando a contribuição que as florestas plantadas tem a dar ao desenvolvimento sócio-econômico e à manutenção do equilíbrio ambiental, é fundamental que seja desenvolvido um programa específico que estimule a ampliação das áreas plantadas e a garantia de benefícios a sociedade.

Reduzir a pressão sobre as florestas nativas via reflorestamento é uma solução parcial. É importante que as florestas nativas, particularmente da região Amazônica, recebam um tratamento especial. Maiores áreas serão necessárias para atender a requisitos ambientais e sociais por melhores práticas florestais. Deve-se considerar também o potencial representado pelas florestas nativas na melhoria das condições socio-econômicas de regiões pobres, como é o caso da Amazônia.

Recomendações quanto a definição dos mecanismos de sustentabidade das florestas e o seu papel no desenvolvimento sócio-econômico constam de vários documentos, elaborados pelo governo para orientar a formulação de políticas florestas. Os estudos conduzidos apontam várias alternativas e propostas, incluindo sugestões de expansão e estruturação das florestas públicas de produção com vistas ao desenvolvimento setorial.

Material e métodos

Segundo Valverde, em sua tese baseada em dados de 1995, analisando as Matrizes de Insumo-Produto (MIP), que considera os multiplicadores de impactos sobre os setores e da Contabilidade Social (MCS), que considera os multiplicadores de efeitos sobre a estrutura produtiva e social da economia, concluiu que o setor florestal contribuiu significativamente para o desenvolvimento sócio-econômico brasileiro. E que, com exceção da cobrança de impostos, apresentou grande potencial para induzir o crescimento da economia por meio de seus efeitos multiplicadores, com aumentos da produção, na geração de emprego, na remuneração dos salários e capital, nas exportações e na reduçào nas importaçòes, melhorando o saldo da balança comercial.

Os estudos, identificam a importancia das cadeias de fornecedores de produtos e insumos , e baseado nisto Valverde/2000, determina que a relação insumo-produto requer seru proprios fatores de produçao para serem produzidos. Desta forma, o multiplicador de insumo-produto é a razão que quantifica a relaçào entre uma demanda iniicla por um propduto , madeira ou lenha, por exemplo, e o aumento na demanda de tosoos os insumos requridos no processo seguinte poara cumprir a demanda por madeira ou senha. Portanto, a MIP é uma técnica fundamental e poderosa para quantificar essa relação multiplicadora . Apesar deste fator multiplicador eseus resultados na identificaçào de resultados, verificamos que nas avaliações de politicas setoriais, por exemplo que interferem sobre as florestas, estes mnultiplicaores são limitados.

Esses fatores limitantes, tais como mudanças na demanda final, a dificuldades de muiitos multiplicdores não possam ser agrupados e a elasticidade de oferta de insumos que indluem nos modelos quando o tratamento é feito para muitos setores ao mesmo tempo. Portanto, conclui-se que se um valor de multiplicador for muito altonão quer dizer que aquele segmento econômico seja mais importante que os tdemais apenas estará mostrando a sua potencialidade e dinamica na economia.

O Brasil, dispõe de varias fontes de coleta de dados junto aos setores economicos, principalmente para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, que construi Tabelas de Insumo Produto (TIP), as quais são formadas a partir de dados de oferta de bens e insumos, serviós, consumo intermediários, demanda final e contas de produção setoriais e a distribuição da renda e da produção. Desta forma, considera todas as madeiras setoriais de maneira distinta, porém no caso florestal estas TIP ainda são elaboradas com base em setores “semelhantes” do mesmo ramo que tem o como insumo o uso da terra, como é o caso d agricultura quando se trata de avaliar a produção florestal e quando trata de avaliar o perfil da industria esta cai em outros segmentos.

O grande “prejuízo” da informação esta na falta de dados e estatísticas desagregadas que possibilitem uma identifica real e precisa da importância e do destaque que um ou outro setor este desempenhando na economia do País.

O Programa Nacional de Florestas do MMA, que visa a efetivação de políticas para o setor florestal está construindo com as entidades de base florestal e os IBGE, um sistema de informação que possa modificar esta atual situação.

Na tese do Prof. Valverde, foram identificadas relações decorrentes da aplicação de MIP e MCS, com dados desagregados da TIP, uma demanda final constituída pelo consumo do bloco de famílias e o governo, outro bloco que constitui o os investimentos na formação do capital fixo de empresas e governo e um bloco que corresponde às exportações de bens e serviços.

É a análise destes blocos distintos que identifica, nos estudos, que mostra o grau de interdependência de cada um em ralação a produção e a demanda por produtos e insumos.

Neste sentido o Prof. Valderde, em caráter pioneiro no Brasil, realizou estudos, em 2000 com dados agregados de 1995, baseados na aplicação de matrizes identificando e destacando conclusivamente os segmentos fatores que compõe o setor florestal brasileiro. Algumas de suas principais conclusões, nos procuramos elencar:

• A forma da aplicação das MIP e MCS, no setor florestal, por parte do IBGE, não é desagregada então setores básicos como silvicultura, carvojeamento, siderúrgia a carvão vegetal, cerâmicas, cimanteiras, unidades de processamento mecanismo da madeira, não são descriminados na tabelas e portanto não há como identificar a sua contribuição socioeconômica. Mesmo assim, segundo Valverde, o Setor Florestal apresentou resultados interessantes quanto à contribuição para o desenvolvimento socioeconômico brasileiro.

• O setor florestal participou com 4,76% do consumo intermediário de insumos projetando um pagamento de salários e remuneração assim de outros segmentos considerados “carro chefe”como o setor de veículos, agricultura e até a petroquímica. No caso da agricultura deve-se destaque este é o setor quer mais se beneficia pela não desagregação dados do setor florestal, mesmo a assim remuneração intermediária de insumos e produtos, proporcionalmente do setor florestal é superior.

• Quanto ao déficit de balança de pagamento ao exterior o setor eletroeletrônico e petroquímico foi os que maiores índices apresentaram, enquanto o setor florestal por força de seu desempenho torna um destaque entre os raros segmentos que tem grande demanda de produtos internos, praticamente não importa e exporta gerando \grande quantidade de divisas externas para a balança. Para melhor ilustrar este fator relevante o Prof. Valverde elaborou o gráfico nº . em que mostra a eficencia de alguns setores na balança comercial .

• A contribuição significativa do setor florestal na remuneração dos trabalhadores brasileiros, em 1995, apresenta uma peculiaridade em relação aos demais setores, excetuando a agricultura com sua típica sazonalidade de produção e estrutura de “bóias-frias”, que é de remunerar tanto trabalhadores urbanos quanto trabalhadores rurais em regime de emprego fixo. O setor florestal beneficia trabalhadores urbanos quando este atuam em industrias de móveis, papeleira, celulose e placas; homem rurais quando este estão plantando florestas,promovendo o manejo florestal, colheita ( cujo regime é permanente).

• Esta e outras conclusões demonstram que o setor florestal é um componente fundamental, de natureza especial, da economia brasileira, principalmente quando se trata do aspecto a relação entre fornecedores de matéria prima e consumidores de seus produtos finais.

Esta característica, do setor florestal brasileiro, revela a sua “superioridade” em relação ao outros segmentos da economia, como por exemplos a industria automobilística, equipamentos eletro-eletrônicos, maquinas e equipamentos, produtos químicos e petroquímicos.

Ao determinar os impactos nas demandas finais do setor florestal na produção, geração de impostos, na quantidade de emprego e nos salários, pode-se considerar que importância do setor florestal brasileiro está voltada para uma balança global “positiva”, porque o setor que tem uma participação de 4% no PIB – Produto Interno Bruto, gera 1,2 milhões de empregos diretos, uma receita tributária de aproximadamente US$ 500 milhões e US$ 4,5 bilhões de dólares em divisas.

Todos estes fatores que relevam a performance do setor ainda não foram suficiente, no contexto político econômico, de refletir uma atenção uma especial quanto a sua contribuição e capacidade de modificar a estrutura econômico do meio rural seja agindo como fator de fixação do homem ao campo, pela natureza de suas atividades permanentes, seja pelo seu potencial e dimensão das florestas nativas e plantadas.

Traçando uma correlação com os países desenvolvidos conclui-se que todos aqueles cuja economia está diretamente vinculada com a exploração florestal estão em posição de destaque no cenário global (Canadá, Suécia, Finlândia, etc). Isto com certeza está diretamente ligado a efeitos dos ganhos de competitividade advindos da agregação de valores em seus produtos e a participação intensiva nos mercados internacionais de madeiras que gira algo entorno de US$400 bilhões ao ano.

No entanto, o Brasil poderia integrar este “clube” de paises, em posição de destaque se alcançasse condições adequadas de manejo das florestas nativas e uns bons mecanismos de apoio financeiro ao reflorestamento. A principalmente conclusão desta avaliação é o setor poderá responder a necessidade de geração de empregos e a consolidação de uma economia doadora para toda propriedade rural.

Avaliar as relações entre os diversos setores fornecedores de matéria-prima e consumidores de produtos finais para identificar. Para melhor demonstrar a participação do setor Florestal na remuneração salarial e a comparação com outros setores estudados, excluindo-se o setor serviços, dada a concentração excessiva de atividades agregadas nesse setor. Com isso, pode-se ver que o setor Florestal teve urna contribuição significativa na remuneração dos trabalhadores brasileiros em 1995. Destaca que esse setor apresenta urna peculiaridade, em relação aos demais setores, excetuando-se agricultura e alimentícios, que e a de remunerar tanto os trabalhadores urbanos quanto os rurais. Por exemplo, a industria de papel e celulose emprega na unidade fabril 05 trabalhadores urbanos e na unidade florestal, principalmente, os trabalhadores rurais, que são responsáveis pelas atividades de silvicultura, manutenção das florestas, colheita e extração florestal.

Perspectivas para o desenvolvimento sustentável do setor florestal

A nível internacional, vislumbra-se o crescimento das exigências ambientais, o aumento de competitividade e de restrições de acesso ao mercado. A globalização praticamente eliminou as tarifas, porém não tem sido tão eficiente na redução de barreiras não tarifárias. É pouco provável que possa garantir ações de impedimento de acesso ao mercado, uma vez que estas não são próprias de Governo.

Embora os indicadores demonstrem que o Brasil possui condições básicas para ser competitivo, o futuro vai depender de ações que considerem a existência de um ambiente propício ao desenvolvimento sustentável. Neste aspecto, um elemento importante a nível nacional é a garantia de acesso aos recursos e, no âmbito internacional, a coordenação de ações que garantam a defesa dos interesses do País.

Estes aspectos estão contemplados no Programa Nacional de Florestas, para que possam ser organizados os esforços em torno de um objetivo comum e para o qual todos os atores deverão contribuir. A proposta do PNF deve ser ousada para atender as demandas futuras de médios e longos prazos. O PNF terá que extrapolar os limites de um programa convencional, devendo ser encarado como um processo, conforme dito anteriormente.

Sustentabilidade Econômica e Social

A participação do setor florestal na economia do Brasil vem alcançando uma ampla mudança estrutural motivada, principalmente, em função da posição assumida pelo próprio governo brasileiro em relação à importância que o recurso florestal renovável possui para o adequado desenvolvimento do país.

Esse fato pode ser observado com maior facilidade se verificar que os resultados estatísticos apresentados pelo setor florestal nas últimas décadas, principalmente àqueles referentes ao comércio exterior de produtos florestais, representam um indicador do nível de sustentação do desenvolvimento e da capacidade de processamento, diversificação e competitividade desse setor.

Assim, ao longo da década de 70, o balanço do setor florestal apresenta níveis acima da expectativa, não só pelo crescimento das exportações em cerca de dez vezes acima da década de 60, mas também, pelo triplo aumento do processo de importação. No início desse período o item madeira em tora e serrada era responsável por mais de 2/3 (dois terços) do montante das exportações, e ao final os produtos industrializados de origem florestal respondiam por mais da metade do total exportado.

Nos anos 90 observa-se a mudança mais substancial no setor florestal, com o crescimento obtido nas décadas anteriores, na medida em que no ano de 1993 o setor alcança o índice de 3,2% do PIB Nacional (Produto Interno Bruto), com um faturamento global de US$ 14,59 bilhões e propiciando a geração de 850 mil de empregos diretos.

Essa alteração no desempenho do setor florestal apresenta estreita vinculação com a expansão e fortalecimento da tecnologia acumulada no âmbito do reflorestamento/florestamento, onde a partir da adoção da sistemática do incentivo fiscal ao reflorestamento, propiciou o desenvolvimento de pesquisas voltadas a obtenção de tecnologias de ponta em termos da produção de mudas, preparo dos solos, condução e exploração florestais.

Nesse aspecto, merece destaque dentro do setor florestal, o segmento de papel e celulose, que no ano de 1995, segundo informações da ANFPC (Associação Nacional dos Fabricantes de Papel e Celulose), alcançou o faturamento total de US$ 8,7 bilhões (oito bilhões e setecentos milhões de dólares americanos), dos quais US$ 2,8 bilhões (dois bilhões e oitocentos milhões de dólares americanos) só com exportação. Assim, o valor total de faturamento do segmento de celulose e papel corresponde a 1,5% do PIB Nacional, caracterizando de pronto a importância do mesmo para a economia do Brasil.

A perspectiva de recuperação econômica nos países desenvolvidos no período de 1995-2000 é em torno de 3% e de 5,6% ao ano para os países em desenvolvimento. Esses dados, prevêem que a nível mundial o setor de consumo de papel e celulose deverá apresentar um índice de crescimento em torno de 3,3% ao ano, nos mesmos níveis de recuperação da economia mundial. Cenários que vem se concretizando neste início de década.

Essa perspectiva permite antever que o Brasil deverá ter uma participação fundamental nesse setor, devido principalmente a evolução experimentada no desenvolvimento de tecnologia na área silvicultural (implantação, manutenção e exploração de florestas) com essências como as pertencentes aos gêneros Eucalyptus e Pinus e, pela própria capacidade industrial instalada e a ser instalada nos próximos anos.

A implementação de ações, tanto pelo setor privado quanto público, determinou a importância primordial para propiciar a geração de grande quantidade de novos empregos diretos. Além disso, destaca-se a capacidade geradora do setor de que aproximadamente 03 (três) empregos indiretos para cada emprego direto. O investimento previsto para a efetivação do programa em 10 (dez) anos, é de mais de US$ oito bilhões diretamente aplicados em florestamento, reformas de florestas e investimentos de capital ligados ao uso de florestas. Paralelamente um sólido programas de fomento florestal irá contribuir também para:

• Desconcentração de atividades produtivas;

• Ampliação da perspectiva de desenvolvimento sócio-econômico no meio rural;

• Fixação de uma mão-de-obra no campo;

• Geração de empregos diretos e indiretos;

• Redução do fluxo migratório da região de influência dos principais pólos florestais para os grandes centros populacionais; e,

• Incremento dos setores secundário de serviços fora dos grandes centros.

Assim, os objetivos do programa devem estar intimamente vinculados à implantação de florestas necessárias ao atendimento da demanda de matéria-prima para o setor industrial; à diminuição da pressão sobre as florestas nativas; ao aumento da biomassa florestal; à maior possibilidade de proteção aos mananciais pela instalação de cultivos permanentes (floresta); à possibilidade de aumentar a oferta de madeira para o consumo primário (lenha e carvão vegetal); e, finalmente pela possibilidade de integrar ao processo produtivo de maneira permanente e sustentável de uma grande área.

Com base nas premissas adotadas para cada segmento, o consumo total de madeira no Brasil para fins industriais deverá atingir cerca de 278 milhões de m3 no ano de 2010. Deste volume total 240,8 milhões de m3 (86%) seriam oriundos de florestas plantadas e 37,6 milhões de m3 (14%) de florestas nativas. Isto significa que o consumo de madeira de reflorestamento teria no período um incremento de 127% (2,3 % ao ano), e o consumo de madeira oriunda de florestas nativas a redução seria de 57%.

Tabela nº 1 - Projeções da demanda de madeira para a indústria de base florestal (1000 m3)

AÑO

NATIVAS

PLANTADAS

TOTAL

1996

87.509

106.376

193.884

1997

81.634

116.590

198.224

1998

76.274

126.502

202.777

1999

71.378

136.175

207.553

2000

66.899

145.666

212.565

2001

62.795

155.027

217.822

2002

59.029

164.309

223.339

2003

55.567

173.559

229.126

2004

52.379

182.820

235.199

2005

49.438

192.134

241.571

2006

46.718

201.541

248.259

2007

44.197

211.078

255.276

2008

41.856

220.782

262.638

2009

39.677

230.687

270.364

2010

37.643

240.829

278.471

Fonte: Diagnóstico do Setor Florestal/1996 – STCP/SBS

Na tabela constata-se ainda que a evolução projetada para a demanda de madeiras de plantadas e nativas, demonstrando inclusive o nível de substituição previsto para as madeiras nativas, e, em especial a necessidade de projeção da necessidade de mão de obra.

Em termos sociais, a implantação de um programa desta envergadura deverá promover a inserção de terras, que atualmente apresentam baixos índices de ocupação, ao processo produtivo, gerando com isso uma atividade econômica de grande resposta social, não só pelos empregos permanentes (diretos e indiretos) que serão criados, mas sobretudo pelo aumento da renda e impostos a nível dos municípios sob a área de influência dos novos empreendimentos tantos florestais como da indústria de transformação.

Desenvolvimento Social e Regional

Além do interesse do setor industrial de transformação as implicações sociais e os interesses de desenvolvimento regionais do País, sempre considera mecanismos para o envolvimento de pequenos proprietários, dentro de um modelo de geração de rendas adicionais na pequena propriedade.

Esta concepção de apoio ao pequeno proprietário e o recorte regional, cria peculiaridades distintas entre regiões mais desenvolvidas e outras menos. No entanto, a contribuição socioeconômica do setor é avaliada indistintamente e não vinculo de qualquer segmento industrial florestal que haja mão de obra de baixo perfil e cujas condições sejam determinantes de pobreza.

Projeção da Demanda por Mão-de-Obra no Setor Florestal

No processo de expansão da base florestal, as necessidades de mão de obra direta, apenas considerando o estabelecimento de novos reflorestamentos, ou seja, de uma área média anual da ordem de 600 mil hectares incluindo a fase de implantação, reformas, manutenções, exploração e transporte, determinam um crescimento da ordem de 8% do número de empregos diretos. Como pode ser observado na tabela nº1, as mãos de obra diretas necessária somente para as operações florestais são bastante significativas, tanto em nível de mão de obra qualificada como para a de pouca qualificação.

Tabela nº2 – Projeção da demanda de empregos no setor florestal considerando a expansão da base florestal plantada

CATEGORIA DE ATIVIDADE

VIVEIRO

PLANTAÇÃO/ MANUTENÇÃO/ REFORMAS

EXPLORAÇÃO
E
TRANSPORTE

TOTAL

Operações rurais

9.400

38.000

9.900

57.300

Operações urbanas

300

12.400

23.000

35.700

Administração

300

1.800

2.500

4.600

Faltas e férias

1.100

5.200

3.700

10.000

TOTAL

11.100

57.400

39.100

107.600

Fonte:STCP/SBS- Projeção de 1997

Desenvolvimento Social e Econômico

Estima-se que atualmente o setor de base florestal além das vantagens inerentes a participação PIB nacional, a contribuição para com a geração de empregos diretos e indiretos, as cifra de exportações e o potencial para ampliar o comércio de produtos florestais, quando observadas no amplo leque de comparações com outros setores, notadamente as ligadas ao rápido crescimento de diferentes espécies e a capacidade de produção de segmentos de excelência reconhecida, como o papel e celulose, o moveleiro, algumas indústrias de chapas e de madeira serrada que servem de referência do potencial do setor. Verifica-se uma do melhor performance sócia econômica para alavancar o crescimento.

A caracterização de como uma atividade produtiva de caráter permanente, como o setor florestal, onde a sustentabilidade será o objetivo principal a ser atingido, a partir do qual serão obtidas todas as respostas econômicas e sociais propiciará a solidificação do uso adequado dos recursos naturais e do desenvolvimento regional, suprindo as necessidades sociais características de cada região, uma vez que introduz uma nova perspectiva de renda para uma parte significativa da população, proporcionando melhoria nas condições de saúde, saneamento e habitação, dentre outras, principalmente para a população rural.

Dentre os inúmeros benefícios esperados relativos ao desenvolvimento social e econômico decorrente da implementação das novas florestas, inclui-se:

Geração de Empregos

No manejo das florestas plantadas atualmente existentes com 6,4 milhões de ha, o setor florestal emprega cerca de 850 mil pessoas diretamente vinculada e gera aproximadamente 1,5 milhões empregos indiretos.

Tendo em vista estes parâmetros e as necessidades de mão de obra para o atendimento dos reflorestamentos e novas áreas de manejo privado apresentados projeção de crescimento, a expectativa total de geração de empregos é de mais de 400 mil empregos, no período de 5 anos.

Desse total, é importante salientar que esta sendo empregado uma boa parte da mão-de-obra que atualmente, em função das exigências de qualificação, encontra dificuldades para se efetivar em outras atividades, ficando muitas vezes ociosa e com poucas perspectivas de emprego. Ainda nesse aspecto, o programa deverá também participar no processo de redução da migração da população para os grandes centros urbanos.

Ressalta-se que esta expectativa é exclusivamente resultante das atividades florestais, atividades rurais, e não consideram os empregos potencialmente gerados pela expansão das atividades industriais, atividades urbanas. Decorrentes do processo.

Investimentos Próprios em Infra-Estrutura Local

A ampliação da oferta de madeiras para o atendimento das demandas futuras, além de basear-se na formação de novas áreas florestais e na otimização das áreas florestais já instaladas, deverá considerar agressivos programas de fomento para pequenos e médios produtores. A implantação de novas áreas demandará recursos próprios na formação de infra-estrutura (estradas, moradias, escolas, comunicações, hospitais, água, etc.) da ordem de 20% do investimento global necessário.

Atualmente cerca de 500 municípios beneficiam-se das infra-estruturas estabelecidas em decorrência da existência das florestas plantadas e da indústria de base florestal instaladas ao redor. Outros 1500, mantêm alguma atividade de natureza florestal. A implantação de novas áreas, considerando os investimentos anuais anteriormente apresentados por um período de dez anos, permite estimar que pelo menos 600 novos municípios deverão ser beneficiados com melhorias e até mesmo o estabelecimento de novas infra-estruturas modernas.

Geração de impostos e divisas

Os setores baseados em florestas plantadas geraram em 1995 cerca de R$ 2,00 bilhões em impostos. Com o incremento da demanda projetada para o período dos próximos dez anos, qual seja, a quase duplicação da demanda atual, é de se esperar um incremento nos impostos na mesmo proporção dos atualmente obtidos.

Uma estimativa anual da geração de renda e impostos que do Programa Florestal poderá resultar. Na determinação da estimativa foram considerados:

. Os volumes totais da demanda;

. O preço da madeira em pé de R$ 8,00/m3 - média do mercado atual;

. Uma alíquota de impostos de 17% - base ICMS somente; e,

. Os investimentos em operações de reflorestamento e aquisição de terras - com preço médio de R$ 1.000,00/ha.

Tabela nº3 - Estimativa da Geração de Rendas e Impostos do Programa Florestal

ANO

DEMANDA
(1000M3)

INVESTIMENTOS
(R$ 1000)

RENDA
(R$ 1000)

IMPOSTOS
(R$ 1000)

1.997

118.089,99

641.910,82

944.719,94

160.602,39

1.998

128.002,46

682.978,87

1.024.019,71

174.083,35

1.999

137.675,16

726.100,31

1.101.401,24

187.238,21

2.000

147.165,52

771.377,82

1.177.324,14

200.145,10

2.001

156.526,92

818.919,22

1.252.215,34

212.876,61

2.002

165.809,13

868.837,68

1.326.473,06

225.500,42

2.003

175.058,79

921.252,06

1.400.470,35

238.079,96

2.004

184.319,79

976.287,16

1.474.558,34

250.674,92

2.005

193.633,65

1.034.074,02

1.549.069,22

263.341,77

2.006

203.040,86

1.094.750,22

1.624.326,91

276.135,57

TOTAIS

1.609.322,28

8.536.488,19

12.874.578,25

2.188.678,30

Baseado nos valores obtidos observa-se que o Programa Florestal poderá gerar cumulativamente no período uma renda de cerca de 12,8 bilhões de reais, com investimentos na casa de R$ 8,5 bilhões e impostos de aproximadamente R$ 2,2 bilhões. Isto deverá acarretar um saldo positivo da ordem de 2 bilhões de reais, desconsiderando outros investimentos necessários (estradas e infra-estrutura), e também sem considerar o poder de multiplicação do setor industrial.

Política de Emprego e Renda

Conforme estudos existentes, 50% das populações potenciais que se candidatam para usufruir de moradia carecem de emprego fixo.

A potencialidade de geração de emprego de obras baseadas na construção como modelo de gestão desta característica é enorme, devido ao procedimento participativo e ao perfil de ocupação dos futuros moradores (geralmente da área de construção, prestação de serviços, etc.)

Esta tendência é consolidada pelo forte apelo, como fator gerador de poupança, da população participante com um futuro melhor.

A intensidade e consciência participativa neste tipo de programa, que além da obtenção da moradia é geradora de renda famíliar no próprio local da moradia.

Brandão (1981) identificou os principais entraves existentes àquela época para a adoção do plantio direto e apresentou cálculos da rentabilidade privada do plantio direto comparada com o plantio convencional (Tabela 4). O autor considerou as culturas de trigo e soja para enfatizar as relações de uso de fatores nos dois tipos de preparo e avaliou o impacto da adoção da técnica sobre os gastos com combustíveis no Balanço de Pagamentos e sobre a absorção de mão de obra.

Tabela 4 – Custo, uso de mão de obra e combustível no plantio direto e no plantio convencional - soja e trigo

 

Plantio Direto

Plantio Convencional

Custo total/hectare 1

Cr$ 45.140,50

Cr$ 39.955.28

Uso de Mão de Obra/ha 1

19 homens/hora

23,8 homens/hora

Uso de combustível/ha 1

114,2 litros

155,80 litros

Necessidade de Divisas/ha 2

U$ 29,69

U$ 40,51

Custo atribuído à erosão

0

CR$ 2.500,00 por ano

Fonte : Brandão (1981), p.83.

1 - Grupo II, safra 80/81,

2 - Calculado utilizando-se o preço do diesel em 1980,

Uma hipótese utilizada por Brandão (1981) foi a da equivalência entre as técnicas quanto à produção agrícola obtida (Tabela 5), o que o levou a analisar a rentabilidade privada do produtor através dos custos de produção: “...em vista de serem aproximadamente iguais em rendimentos (físicos) por hectare nos dois métodos de produção, concentrar-nos-emos apenas no lado dos custos.” (Brandão, 1981). De fato, àquela época ainda não observava-se os efeitos da mudança no sistema de plantio no total produzido. O autor analisou dados de apenas uma propriedade na safra 79/80 (Grupo I) e estimativas de custos de produtores ligados a uma cooperativa para a safra 80/81 (Grupo II), concluindo que “...em geral, o plantio direto é uma tecnologia de custo mais elevado, quando comparada com o plantio convencional. É bom lembrar, no entanto, que as perdas causadas pela erosão não foram ainda incluídas nestes cálculos” (Brandão, 1981). Este resultado alcançado pelo autor é decorrente das dificuldades encontradas pelos agricultores nas décadas de 70/80, já descritas na seção Evolução do Plantio Direto no Rio Grande do Sul.

Brandão (1981) observou ainda que o sistema plantio direto era intensivo em defensivos químicos, enquanto o sistema convencional era intensivo nos fatores máquinas e equipamentos. Ele observou que o incentivo positivo ao uso do plantio direto era a relação de preços entre esses fatores favorável ao plantio direto. O autor também concluiu que o sistema plantio direto possui vantagens agronômicas que refletem-se em menor demanda por fatores de produção com o passar dos anos de utilização, fazendo-se refletir na rentabilidade do agricultor. Essa hipótese poderá ser testada com os resultados de nosso estudo.

Redução do Êxodo Rural

O aumento da rentabilidade na produção agrícola é um fator importante de fixação do agricultor à terra. Observa-se (Tabelas 9 e 10) que o uso do sistema de plantio direto na região de Passo Fundo gerou receitas líquidas maiores que as outras formas de manejo analisadas e, portanto, deve ter contribuído para a redução do êxodo rural na região. Esta redução ocasiona economia de recursos públicos a partir dos gastos evitados em infra-estrutura urbana, como saneamento, saúde e educação.

Gráfico 1: Total de Moradores Permanentes nos Municípios da Região de um Município X – cuja característica acentua sua condição mediana entre os demais 5300 municípios brasileiros

Fonte: IBGE - Censo Demográfico

Analisando os dados da Tabela 3 e do Gráfico 1, pode-se observar que a mudança no sistema de preparo do solo não contribuiu para que a população rural de uma região (X) seja crescesse, e esteja recebendo mais benefícios sociais. Quando estamos realizando plantio direto, de floresta, apesar de não ser intensivo em mão de obra o seu uso ter liberado recursos humanos que não foram totalmente absorvidos pelas outras atividades econômicas que desenvolveram-se numa determinada região. Os dados disponíveis não permitiram uma conclusão segura envolvendo essa questão porém destaca uma grande importância no processo de vinculação entre a mão de obra familiar e o sucesso dos empreendimentos plantados ou manejados.

Referências bibliográficas

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• VITAE CIVILLIS. Plataforma Ambiental Mínima para o Desenvolvimento Sustentável do Vale do Ribeira - Agenda 21 para o Vale do Ribeira. São Paulo (SP), 1995.

• MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, DO COMÉRCIO E DO TURISMO. Diretrizes Para o Ecoturismo - Programa Nacional para o Ecoturismo. Brasília (DF),1996.

• MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS. Política Nacional para os Recursos Hídricos. Brasília (DF), 1997.

• SECRETARIA DE COORDENAÇÃO DOS ASSUNTOS DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO. Diretrizes para a Conservação e Desenvolvimento Sustentável dos Recursos Florestais. Brasília (DF), 1995.

• CÂMARA TÉCNICA DE AMATA ATLÂNTICA DO CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - Relatório sobre a proposta de resolução que sugere uma política de nacional para o bioma Mata Atlântica. Brasília (DF),1997.

• CÂMARA, I.G. Plano de Ação para a Mata Atlântica. Fundação SOS Mata Atlântica. São Paulo (SP), 1994.

• UHF PARA/PR. Serviço de Implantação de Reflorestamento com Essências Florestais Nativas. Paraibuna do Sul (SP), 1995.

• MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - Instrumento Político-Administrativo para o Desenvolvimento Sustentável. Brasília (DF), 1994.

• MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE -A Caminho da Agenda 21 - Princípios e Ações. Brasília (DF),1997.

• CIA. DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Sistema de Planejamento e Gestão Ambiental da CETESB. São Paulo (SP),1993.

• CONGRESSO NORDESTINO DE ECOLOGIA PARA MATA ATLÂNTICA. Relatório do 7º Congresso. Itabuna (BA), 1997.

• MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - Primeiro Relatório Nacional para a Convenção sobre Diversidade Biológica no Brasil. Brasília (DF),1998.

• MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais - Versão 1.1. Brasília (DF),1997.

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• REDE DE ONG'S DA MATA ATLÂNTICA; SOS MATA ATLÂNTICA. Relatório do Workshop sobre Pesquisa Socio Economica na Mata Atlântica. São Paulo (SP), 1994.

• MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE-FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Projeto Jataí - Relatório Técnico da Fase 1. Brasília (DF),1997.

• PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS, Ministério do Meio Ambiente/Brasília,setembro2000.

• DAROLT,M.R. Pequena Propriedade Sustentável - Experiências com Plantio Direto. Ponta Grossa (PR), 1997.

ANEXOS

Quadro 1 - Remuneração salarial (R$1.000,00) dos trabalhadores brasileiros por setor econônico em 1995

Ordem Setor Salários Porcentagem (% )

1

Servi90s

199.570.197

80,71

2

Agricultura

7.094.380

2,87

3

Alimentícios

5.965.543

2,41

5

Florestal

5.149.027

2,08

5

Metalsiderúrgico

4.913.401

1,99

6

Plasticos

4.767.421

1,93

7

Maquinario

4.237.452

1,71

8

Petroqulrnico

3.877.981

1,57

9

Vefculos

3.761.793

1,52

10

Minera<;;ao

2.962. 529

1,20

11

Eletroeletr6nico

2.576.888

1,04

12

Farmaco

1.323.302

0,54

13

Diversos

1.077.330

0,44

Total 247.277.244 100,00

Fonte: VALVERDE, 2000.

Anexo: Quadro 2 - Remuneração do capital (R$1-000,00) empregado pelos setores economicos, em 1995

Ordem

Setor

Capital

Porcentagern (% )

1

Servi9os

181.965.419

60,99

2

Agricultura

44.770.648

15,00

3

Petroquirnico

15.856.800

5,31

5

Alirnentlcios

8.997.215

3,02

5

Maquinario

6.997.965

2,35

6

Metalsiderúrgico

6.673.647

2,24

7

Plasticos

6.651.067

2,23

8

Florestal

6.127.354

2,05

9

Mineração

5.582.787

1,87

10

Veiculos

5.304.557

1,78

11

eletroeletrônico

5.289.585

1, 77

12

Farmaco

2.753.667

0,92

13

Diversos

1.403.314

0,47

Total 298.374.025 100,00

Fonte: Valverde/2000.

Anexo: Quadro 3 - Valor do Produto Intemo Bruto (R$1.000,OO) brasileiro, em 1995, e a participacão de cada setor na formacão do PIB

Ordem Setor PIB Porcentagem (%)

01

Servi90s

410.033.048

63,45

02

Agricultura

52.171.055

8,07

03

AJimenticios

32.553.721

5,04

04

petroquímico

25.632.517

3,97

05

Plastico

18.234.816

2,82

06

Veiculos

17.700.133

2,74

07

Florestal

17.296.980

2,68

08

Metalsiderurgico

16.782.337

2,60

09

Maquinario

14.391.683

2,23

10

eletroeletrônico

14.104.7 43

2,18

11

Minerac;ao

13.481.336

2,09

12

Farmaco

7.423.626

1,15

13

Diversos

6.385.520

0,99

Total 646.191.517 100,00

Fonte: Valverde, 2000.

Anexo: Quadro 4 -Quantidade de pessoal empregado na economia brasileira, por setor econômico, em 1995

Ordem Setor Quantidade Porcentagem (% )

01

Servicos

37.510.500

61,26

02

Agricultura

15.163.000

24,75

03

Plastico

2.477.500

4,04

04

Alimentfcios

1.535.800

2,50

05

Florestal

1.343.600

2,20

06

MetalsiderUrgico

764.200

1,25

07

Mineração

704.900

1,15

08

Maquinario

421.800

0,70

09

Vefculos

324.000

0,53

10

Petroquimico

304.000

0,49

11

Eletroeletrônico

276.200

0,45

12

Diversos

272.100

0,44

13

Farmaco

128.500

0,21

Total 61.226.100

Fonte: Valverde, 2000.

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